Sérvia celebra domingo primeiras eleições na Europa após adiamentos

A Sérvia celebra no domingo eleições legislativas, as primeiras na Europa desde o início da pandemia do novo coronavírus, e com o partido no poder do Presidente Aleksandar Vucic a surgir em posição destacada.

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Lusa
19/06/2020 09:14 ‧ 19/06/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

Previstas inicialmente para 26 de abril, as eleições que vão eleger os 250 deputados da Assembleia nacional foram adiadas devido ao surto da covid-19.

A Comissão eleitoral sérvia aceitou um total de 21 listas eleitorais num país com cerca de sete milhões de habitantes. No entanto, e de acordo com diversos estudos de opinião, apenas duas formações estão em condições de ultrapassar de forma confortável a barreira mínima dos 3% que garante representação parlamentar.

Assim, a lista do Partido Progressista Sérvio (SNS), designada Aleksandar Vucic -- Pelos nossos filhos, e a liderada pelo Partido Socialista da Sérvia (SPS) de Ivica Dacic, que se apresenta com a Sérvia Unida (JS) de Dragan Markovic 'Palma', já podem perspetivar um novo executivo de coligação.

As últimas sondagens forneciam ao SNS 60% os votos, após garantir 48,55% nas eleições de 2016. O seu parceiro SPS poderá chegar aos 14%, resultados que sugerem uma maioria absoluta de dois terços ao serviço no futuro Governo.

O primeiro nome da lista do SNS é o atual ministro da Agricultura, Branislav Nedimovic, enquanto Dacic, atual chefe da diplomacia de Belgrado, lidera a lista do SPS.

Os principais partidos que representam as minorias nacionais também deverão entrar no parlamento por serem abrangidos por medidas diferentes no processo de eleição. Mas as sondagens preveem que os restantes partidos políticos não alcançarão sequer os 5% de votos, com sete formações com alguma possibilidade de franquear a barreira dos 3%.

Os grupos com mais hipóteses de entrarem no parlamento são a União Patriótica Sérvia (SPAS, centro-direita), liderada por um jogador de polo aquático, e o Movimento dos Cidadãos Livres (PSG, centro-esquerda), dirigido por um popular ator.

O SNS (direita nacionalista e pró-europeia), que desde 2012 domina a política interna, estabeleceu como objetivo a maioria de dois terços, mas a aliança com os socialistas deverá prosseguir, mesmo que a formação de Vucic -- que não se apresenta ao escrutínio e mantém aos 50 anos uma elevada quota de popularidade --, atinja dois terços dos deputados.

Um setor da oposição decidiu boicotar as legislativas de domingo -- as primeiras a decorrer no continente europeu e na Eurásia após as vagas de adiamentos e cancelamento de eleições em resposta à pandemia -- e prevê-se uma taxa de abstenção superior às anteriores eleições.

Por esse facto, um governo formado por um único partido seria encarado de forma desfavorável a nível interno e internacional, e um sinal de uma "democracia limitada" no país.

As tensões na sociedade sérvia têm-se agravado nos últimos meses, mas o boicote eleitoral de diversas formações --decisão que poderá reduzir ainda mais a sua relevância -- podem comprometer esta tendência apesar do clima de polarização política e das acusações de crescente autoritarismo.

Um cenário que se complicou devido à covid-19, que até ao momento atingiu de forma moderada este decisivo país dos Balcãs, e após a adoção de estritas medidas de confinamento. Os números oficiais indicam cerca de 12.500 casos confirmados e 250 mortos.

No entanto, o ritmo do contágio voltou a crescer ligeiramente desde 05 de junho, com entre 50 e 90 casos diários, longe das centenas de infeções diárias em inícios de abril, mas mais elevado que na segunda quinzena de maio.

Os críticos de Vucic acusam-no de aproveitar o estado de emergência para reforçar a sua posição dominante nos 'media' e na vida pública. Mas o Presidente e o SNS possuem argumentos de força, em particular o desejado início das negociações oficiais para a adesão à União Europeia, iniciadas em 2014, com o objetivo de integrar plenamente o clube comunitário em 2025.

O SNS também conseguiu estabilizar nos últimos anos as finanças públicas, enquanto a economia sérvia cresceu em 2019 acima dos 4%, atraindo segundo o Governo mais investimentos estrangeiros que qualquer outro país da região dos Balcãs.

Perante a perspetiva de um boicote maciço da oposição às legislativas, Vucic impulsionou em janeiro passado uma lei que reduziu de 5% para 3% a fasquia para se obter representação no hemiciclo de Belgrado, justificada a nível oficial para fornecer mais hipóteses aos partidos minoritários.

Mas para os críticos, tratou-se de uma tentativa do SNS de aumentar a sua própria legitimidade, que muito provavelmente será confirmada já no próximo domingo, e quando permanecem sem solução focos de instabilidade regional, desde a debilitada Bósnia-Herzegovina até à "questão do Kosovo".

 

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