Moçambique declara Pemba local de transmissão comunitária

O ministro da Saúde de Moçambique declarou hoje a cidade de Pemba o segundo ponto com "transmissão comunitária" do novo coronavírus, na sequência da rápida evolução do número de infeções na capital provincial de Cabo Delgado, norte do país.

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Lusa
21/06/2020 16:09 ‧ 21/06/2020 por Lusa

Mundo

Moçambique

"A cidade de Pemba é hoje declarada como o segundo ponto geográfico [depois da cidade de Nampula] a transitar do padrão de focos de transmissão para uma transmissão comunitária", declarou Armindo Tiago, falando durante a conferência de imprensa de atualização de dados sobre a pandemia no Ministério da Saúde, em Maputo.

O primeiro doente de covid-19 em Moçambique foi anunciado a 22 de março e Pemba só registou o seu primeiro caso quase um mês depois (a 22 de abril), mas está entre as cidades com mais número de casos ativos atualmente.

"Encontrámos uma elevada percentagem de positividade das amostras testadas, que atualmente corresponde a quase o dobro do que é a média nacional", frisou Armindo Tiago.

As autoridades indicam que a cidade tem uma "alta transmissibilidade interpessoal", bem como "uma mudança no perfil demográfico nos casos de covid-19".

A 06 de junho, o Ministério da Saúde declarou a cidade de Nampula, também no norte de Moçambique, o primeiro ponto do país com transmissão comunitária do novo coronavírus.

Em resposta à propagação da doença em Pemba, o Governo moçambicano vai adotar várias medidas, com destaque para expansão da vigilância ativa em toda a província de Cabo Delgado, que conta com um total de 125 casos ativos.

"Vamos fortalecer as equipas locais de vigilância epidemiológica e intensificar as ações de higiene e saneamento", declarou Armindo Tiago, acrescentando que será aberto, até meados de julho, um laboratório para testagem, que atualmente tem sido feita apenas na província de Maputo, sul do país.

Cabo Delgado é ta,bém a província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural e está sob ataque desde outubro de 2017 por insurgentes, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista.

Em dois anos e meio de conflito naquela província do Norte de Moçambique, estima-se que já tenham morrido, pelo menos, 600 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afetadas, sendo obrigadas a procurar refúgio em lugares mais seguros.

Nas últimas 24 horas, Moçambique registou a quinta morte e 45 novos casos de covid-19, elevando o total de 688 para 733.

Dos casos já registados em Moçambique, 663 são de transmissão local e 70 são importados, havendo também nove pessoas internadas, além dos cinco óbitos.

O Ministério da Saúde indicou ainda que 181 pessoas estão recuperadas.

As províncias de Nampula, Cabo Delgado e cidade de Maputo lideram com o maior número de casos ativos no país, com 218, 125 e 75, respetivamente, estando os restantes distribuídos pelo país.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de infeções e de mortos (1.664 casos e 32 mortos), seguida da Guiné-Bissau (1.541 casos e 17 mortos), Cabo Verde (863 casos e oito mortos), São Tomé e Príncipe (693 casos e 12 mortos) e Angola (176 infetados e nove mortos).

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de um milhão de casos e 49.976 óbitos), depois dos Estados Unidos

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 464 mil mortos e infetou mais de 8,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

 

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