Em declarações hoje à agência Lusa, o ministro do Turismo e dos Transportes, Carlos Santos, explicou que dois futuros centros integram o programa sanitário que o Governo está a desenvolver com os operadores turísticos para transmitir "confiança" ao regresso dos turistas ao arquipélago.
"Estamos, juntamente com o Ministério da Saúde, a preparar dois centros covid-19, um no Sal e outro na Boa Vista, para garantir aos operadores e aos visitantes que, vindo para Cabo Verde, estão a vir para um destino seguro, onde pelo menos há garantia que teremos condições, equipamentos, ventiladores, pontos de cuidados intensivos, para dar segurança", explicou o ministro Carlos Santos.
O turismo garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde, tendo batido um recorde de mais de 819 mil turistas em 2019, mas o arquipélago está totalmente fechado a voos internacionais desde 19 de março. Essa interdição deveria ser levantada em julho, mas o Governo alegou o "recrudescimento" de casos na Europa, nomeadamente em Portugal, e decidiu esta semana adiar a retoma das ligações internacionais para agosto.
Só a ilha do Sal recebeu 45,5% do total das entradas de turistas nos hotéis cabo-verdianos em 2019, e a Boa Vista 29,4%.
"Os próprios operadores turísticos já manifestaram a disponibilidade de ceder recursos humanos para fazer funcionar esses centros, designadamente médicos especialistas", acrescentou Carlos Santos.
Na ilha do Sal, a obra física de reconversão do espaço que vai acolher o primeiro centro covid-19 arrancou na terça-feira, seguindo-se os trabalhos na Boa Vista. Contudo, ainda falta definir o número de camas que cada centro terá, mas cuja definição será articulada entre os dois ministérios e as necessidades definidas pelos operadores turísticos.
"O acento tónico para os próximos meses é a segurança sanitária", enfatizou.
Cabo Verde regista um acumulado de 1.003 de covid-19, desde 19 de março, distribuídos pelas ilhas de e Santiago (779), Sal (149), Boa Vista (57), São Vicente (12), Santo Antão (04) e São Nicolau (02).
Do total, há a registar oito óbitos, 562 pessoas foram consideradas curadas da doença, dois doentes transferidos para os seus países, e o país tem neste momento 431 casos de infeção ativa (43%).
A pandemia de covid-19 já provocou quase 484 mil mortos e infetou mais de 9,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.