"A anexação é ilegal. Ponto final", afirmou Michelle Bachelet numa declaração escrita. "Qualquer anexação. Seja de 30% da Cisjordânia ou de 5%", adiantou.
"Peço a Israel para ouvir os seus próprios ex-altos funcionários e generais, assim como as muitas vozes em todo o mundo, alertando-o para não continuar nesse caminho perigoso", disse.
Observando que "as ondas de choque da anexação durarão décadas e serão extremamente prejudiciais para Israel e para os palestinianos", a alta responsável da ONU salientou que "ainda há tempo para reverter essa decisão".
O Estado hebreu indicou que a partir de 1 de julho se pronunciará sobre a aplicação do plano norte-americano para o Médio Oriente, que prevê a anexação por Israel de colonatos e do vale do Jordão na Cisjordânia ocupada.
O plano apresentado no final de janeiro pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê também a criação de um Estado palestiniano num território fragmentado e reduzido, sem Jerusalém Oriental por capital como reivindicam os palestinianos.
"As consequências precisas da anexação não podem ser previstas, mas podem ser desastrosas para os palestinianos, para Israel e para a região como um todo", disse Bachelet, sublinhando que o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao governo israelita que abandonasse os seus planos.
Esta anexação "prejudicará gravemente a perspetiva de uma solução de dois Estados, reduzirá as possibilidades de retoma das negociações e perpetuará as graves violações dos direitos humanos e da lei humanitária internacional de que somos testemunhas hoje", adiantou.
O texto sublinha que se houver anexação, "os colonatos -- já uma violação evidente do direito internacional -- quase certamente expandir-se-ão, aumentando o atrito existente entre as duas comunidades".
Nota ainda que os palestinianos serão submetidos a uma maior pressão para abandonar a zona anexada e que comunidades inteiras ficarão expostas a um elevado risco de transferência forçada.
Quanto aos palestinianos que vivem foram da zona anexada, arriscam ficar privados de acesso aos seus recursos naturais, segundo a ONU.
A Alta Comissária indica que as restrições do direito à liberdade de movimento também aumentarão à medida que os centros de população palestiniana se tornarão "enclaves".