Kremlin: "Referendo deu uma confiança triunfal ao Presidente Putin"

O Kremlin congratulou-se hoje "pelo triunfo" alcançado na consulta popular sobre a revisão constitucional que permite ao Presidente russo, Vladimir Putin, manter-se no poder até 2036 apesar dos protestos da oposição.    

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Lusa
02/07/2020 12:59 ‧ 02/07/2020 por Lusa

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Rússia

"Aconteceu um referendo que deu uma confiança triunfal ao Presidente Putin", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, após a divulgação dos resultados da votação que se prolongou durante uma semana.

Os dados oficiais da Comissão Eleitoral indicam que 77,92% dos votos foram a favor da revisão da Constituição.

A participação foi de 65% e os votos contra a revisão constitucional não ultrapassaram os 21,27%. 

Dmitir Peskov saudou o "nível de participação e o apoio extremamente elevado" acrescentando que as emendas constitucionais são "a base para um futuro melhor"

A votação que foi marcada inicialmente para o mês de abril acabou por ser adiada na sequência da aplicação das medidas sanitárias contra a propagação da pandemia de covid-19. 

Na prática, a revisão da Constituição já tinha sido aprovada pelos deputados em janeiro e o texto da nova Constituição já se encontra à venda nas livrarias da Rússia desde o primeiro trimestre de 2020. 

O distrito autónomo de Nenetsie, no Ártico, foi a única região da Rússia onde o "não" venceu com 55,25% dos votos, de acordo com a contagem final.

Os habitantes do território isolado são contra a anexação territorial na região de Arkhangelsk, o que pode explicar o movimento de oposição local expresso nas urnas.  

Entretanto, o oposicionista Alexei Navalny considerou a votação "enorme mentira" e apelou à mobilização contra o regime nas próximas eleições locais que estão marcadas para o mês de setembro

Uma das emendas mais controversas permite a Vladimir Putin concorrer a mais dois mandatos depois do termo do atual que termina em 2024.

Assim, Putin pode manter-se no poder até 2036, ano em que cumpre 84 anos de idade. 

Além da questão dos mandatos, a revisão introduz na Constituição princípios políticos conservadores defendidos por Putin como a "fé em deus, o casamento apenas permitido a casais heterossexuais, e valores patrióticos". 

A organização não-governamental Golos, especializada em observação de atos eleitorais, recebeu 2.100 queixas de alegadas violações, nomeadamente casos que se referem a funcionários contratados pelo regime e que transportaram as urnas de voto.   

A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, negou irregularidades e disse à agência oficial Ria Novosti "que só há votos válidos e legítimos". 

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