"Aconteceu um referendo que deu uma confiança triunfal ao Presidente Putin", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, após a divulgação dos resultados da votação que se prolongou durante uma semana.
Os dados oficiais da Comissão Eleitoral indicam que 77,92% dos votos foram a favor da revisão da Constituição.
A participação foi de 65% e os votos contra a revisão constitucional não ultrapassaram os 21,27%.
Dmitir Peskov saudou o "nível de participação e o apoio extremamente elevado" acrescentando que as emendas constitucionais são "a base para um futuro melhor".
A votação que foi marcada inicialmente para o mês de abril acabou por ser adiada na sequência da aplicação das medidas sanitárias contra a propagação da pandemia de covid-19.
Na prática, a revisão da Constituição já tinha sido aprovada pelos deputados em janeiro e o texto da nova Constituição já se encontra à venda nas livrarias da Rússia desde o primeiro trimestre de 2020.
O distrito autónomo de Nenetsie, no Ártico, foi a única região da Rússia onde o "não" venceu com 55,25% dos votos, de acordo com a contagem final.
Os habitantes do território isolado são contra a anexação territorial na região de Arkhangelsk, o que pode explicar o movimento de oposição local expresso nas urnas.
Entretanto, o oposicionista Alexei Navalny considerou a votação "enorme mentira" e apelou à mobilização contra o regime nas próximas eleições locais que estão marcadas para o mês de setembro.
Uma das emendas mais controversas permite a Vladimir Putin concorrer a mais dois mandatos depois do termo do atual que termina em 2024.
Assim, Putin pode manter-se no poder até 2036, ano em que cumpre 84 anos de idade.
Além da questão dos mandatos, a revisão introduz na Constituição princípios políticos conservadores defendidos por Putin como a "fé em deus, o casamento apenas permitido a casais heterossexuais, e valores patrióticos".
A organização não-governamental Golos, especializada em observação de atos eleitorais, recebeu 2.100 queixas de alegadas violações, nomeadamente casos que se referem a funcionários contratados pelo regime e que transportaram as urnas de voto.
A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, negou irregularidades e disse à agência oficial Ria Novosti "que só há votos válidos e legítimos".