O confinamento imposto pelo governo britânico, que começa agora a ser levantado, deixou centenas de crianças institucionalizadas completamente sozinhas.
É esse o caso de John (nome fictício), que passou o seu 16.º aniversário sozinho numa cela durante 23 horas, sem visitas, sem acesso à Internet e com direito a muito poucas chamadas, reporta a CNN.
John é uma das centenas de crianças que se encontram "presas" em "casas seguras", como lhes chama o governo, onde são institucionalizados jovens infratores.
"[Isto] dá-te muito tempo para pensar e os meus pensamentos nem sempre são os mais positivos", começa por contar John à sua advogada, Jude Lanchin, numa das raras ocasiões em que conseguem falar por videochamada.
"Tenho dificuldades em dormir", acrescenta.
O jovem passa 23 horas do dia preso na cela, tendo direito a apenas 30 minutos fora dela. "Há muito tempo para pensar e isso mexe com a nossa cabeça", desabafa.
Estas restrições mais apertadas foram impostas pelo governo britânico, de forma a prevenir a propagação do novo coronavírus. As visitas foram temporariamente suspensas e o tempo fora das celas severamente reduzido, de forma a reforçar o distanciamento social.
Em declarações à CNN, vários advogados referiram que este tipo de restrições deixou centenas de crianças, como o John, num confinamento solitário.
Um porta-voz para o Ministério da Justiça reconheceu, em declarações à mesma publicação, que a imposição destas restrições foi baseada nas recomendações das autoridades de saúde e ajudou a salvar vidas. "Sabemos que isto é muito difícil para as crianças e por isso mesmo continuamos a dar apoio mental", garantiu.