"Encorajo os líderes do Conselho Europeu para que possamos chegar, durante o dia de hoje, a um acordo, o que será, sem dúvida, muito bom para os cidadãos, para as empresas e para os mercados financeiros", declarou Pedro Sánchez, falando à entrada para a cimeira extraordinária, em Bruxelas.
Num momento em que permanece o impasse nas negociações entre os líderes dos 27, no Conselho Europeu iniciado na sexta-feira em Bruxelas, consagrado ao plano de relançamento europeu após a crise gerada pela pandemia, Pedro Sánchez argumentou que a cimeira vai no quarto dia -- quando tinha apenas dois previstos -- porque "este é um passo muito importante que a União Europeia vai dar para dar uma resposta forte, à altura do desafio gigante que existe pela frente nos próximos anos, tanto enquanto sociedade, como projeto comum".
Frisando que, "durante estes dias, Espanha manteve uma posição construtiva", visando um compromisso entre os 27 chefes de Governo e de Estado da UE, Pedro Sánchez apelou a que tal acordo seja conseguido "nas próximas horas".
"Todos devemos estar conscientes de que existe um público europeu preocupado com a evolução da pandemia e uma crise que não foi completamente resolvida" e ao qual deve ser dada uma resposta que proporcione "certeza, paz de espírito, tranquilidade, serenidade às empresas, aos trabalhadores e ao público em geral, para que possamos enfrentar esta pandemia com todas as garantias", adiantou.
O Conselho Europeu, que decorre em Bruxelas desde sexta-feira de manhã em busca de um acordo para o relançamento europeu após a crise da covid-19, encontra-se já no seu quarto dia, não tendo os líderes chegado ainda a uma plataforma de entendimento em torno do Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027 e o Fundo de Recuperação.
Depois de um jantar de trabalho no domingo, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, interrompeu a reunião plenária para consultas, que se prolongaram até perto das 06:00 locais da madrugada de hoje (05:00 em Lisboa). Os trabalhos serão retomados hoje à tarde, pelas 16:00 locais.
Segundo fontes europeias, Michel deverá começar por colocar sobre a mesa uma proposta formal que mantém o montante global do Fundo de Recuperação em 750 mil milhões de euros -- como propunha a Comissão --, mas com os subsídios a fundo perdido a pesarem 390 mil milhões de euros, montante que já terá tido 'luz verde' dos 27.
Tanto o plano franco-alemão como a proposta da Comissão Europeia defendiam subvenções num montante de 500 mil milhões de euros, algo rejeitado pelos chamados países 'frugais' (Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca), que exigiam que as subvenções ficassem abaixo dos 400 mil milhões de euros.
Fontes europeias dizem esperar que Charles Michel apresente também aos 27 uma proposta ligeiramente revista do Quadro Financeiro Plurianual para os próximos sete anos.
Esta é já uma das cimeiras mais longas da história da UE, aproximando-se a passos largos daquela que fixou o recorde, a cimeira de Nice em 2000, que se prolongou por cinco dias.