A Mongólia tem características que, em teoria, a colocariam em risco com a propagação do novo coronavírus mas, meses depois do início do surto global, o país contabiliza zero mortos e zero casos de transmissão a nível local. A estratégia adotada - que foi ignorada por outros países - é agora elogiada.
A Mongólia, conhecida pela sua cultura nómada, faz fronteira com a China e com a Rússia - o primeiro foi o epicentro do surto de do vírus SARS-Cov-2 e o segundo foi fortemente impactado - mas agiu de forma rápida e decisiva, segundo explica a BBC, sendo elogiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em janeiro de 2020, quando as notícias sobre o novo coronavírus ainda causaram alarme apenas dentro de fronteiras na China, a Mongólia começou a adotar medidas: a 24 de janeiro foi ordenado o encerramento das escolas e a 31 foram aplicadas restrições de movimento com o país vizinho, a China. Posteriormente, foi suspensa toda a circulação aérea, ferroviária e rodoviária entre fronteiras.
Porém, a medida que mais surpreendeu a nível local, por ser sem precedentes, foi o cancelamento das celebrações do Tsagaan Sar, o Ano Novo lunar mongol. "Em resultado desses primeiros passos, o país conseguiu ganhar tempo valioso para fortalecer [a sua resposta]", disse a direção regional da OMS na Mongólia à BBC.
No entender da organização de Saúde das Nações Unidas, as razão para o sucesso do país - que tem 3,2 milhões de habitantes - no combate ao novo coronavírus estão fortemente relacionadas com a rapidez e a decisão com que foram tomadas medidas. Entre estas medidas, está o rápido rastreio de casos de infeção para detetar possíveis contágios, localizar contactos e interromper possíveis transmissões, com a ajuda da população. Sublinhe-se que foram identificados quase 300 casos de infeção importados.
"As autoridades abriram linhas de comunicação direta e expandiram suas ações contra a Covid-19 num estágio inicial do surto", acrescentou a OMS, tendo a informação sido transmitida pelas autoridades através de diversos canais, logo desde o início.
"Graças à ação do sistema de saúde da Mongólia, tanto o governo como a população ficaram muito preocupados com o vírus e as pessoas seguiram a todas as recomendações", disse à BBC um jornalista da capital mongol.