ONU alerta para consequências pesadas da pandemia em países árabes

As Nações Unidas alertaram hoje para as pesadas consequências da pandemia nos países árabes, que poderão sofrer uma contração económica de 5,7%, empurrando milhões para a pobreza e agravando o sofrimento de populações afetadas por conflitos armados.

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Lusa
23/07/2020 08:21 ‧ 23/07/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

Em 13 de julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as previsões de crescimento para o Médio Oriente para o nível mais baixo em mais de 50 anos, devido ao "duplo choque" dos baixos preços do petróleo e à pandemia de covid-19.

As economias do Médio Oriente e norte de África deverão contrair, em média, 5,7% este ano, com quedas até 13% nos países em guerra, informou o FMI na atualização das perspetivas económicas regionais.

Por essa razão, a Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental prevê que mais 14,3 milhões de pessoas sejam empurradas para a pobreza, elevando o número total para 115 milhões, o que representa um quarto do total da população da região, pode ler-se num relatório divulgado hoje.

Mais de 55 milhões de pessoas na região contavam com ajuda humanitária antes da crise da covid-19, incluindo 26 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Os países árabes tomaram rapidamente medidas para travar a propagação do novo coronavírus, em março, impondo o confinamento, restringindo as viagens e proibindo grandes reuniões públicas, incluindo peregrinações religiosas.

No seu conjunto, os países árabes registaram mais de 830.000 casos de covid-19 e pelo menos 14.717 mortes provocadas pela doença, o que equivale a uma taxa de infeção de 1,9 por 1.000 habitantes e de 17,6 mortes por 1.000 casos, menos de metade da média global, de 42,6 mortes, de acordo com a ONU.

Os países ricos do Golfo foram atingidos pela pandemia numa época de preços baixos do petróleo, agravando a pressão sobre a economia.

Países de rendimento médio, como a Jordânia e o Egito, viram o turismo praticamente desaparecer, além de uma queda nas remessas dos cidadãos que trabalham no estrangeiro.

Até agora, a Líbia e a Síria, devastadas pela guerra, registaram surtos relativamente pequenos. Mas no Iémen, onde cinco anos de guerra civil já tinham gerado a pior crise humanitária do mundo, o vírus está a espalhar-se no sul, controlado pelo governo, enquanto os rebeldes no norte não divulgam informações.

Rola Dashti, responsável pela comissão da Organização das Nações Unidas (ONU), instou os países árabes a "transformar esta crise numa oportunidade", aproveitando para abordar problemas existentes antes da pandemia, como a fragilidade das instituições públicas, a desigualdade económica e a dependência excessiva de combustíveis fósseis.

"Precisamos de investir na sobrevivência das pessoas e das empresas", disse.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o FMI a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.

A pandemia já provocou mais de 617.500 mortos e infetou mais de 15 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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