Em 13 de julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as previsões de crescimento para o Médio Oriente para o nível mais baixo em mais de 50 anos, devido ao "duplo choque" dos baixos preços do petróleo e à pandemia de covid-19.
As economias do Médio Oriente e norte de África deverão contrair, em média, 5,7% este ano, com quedas até 13% nos países em guerra, informou o FMI na atualização das perspetivas económicas regionais.
Por essa razão, a Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental prevê que mais 14,3 milhões de pessoas sejam empurradas para a pobreza, elevando o número total para 115 milhões, o que representa um quarto do total da população da região, pode ler-se num relatório divulgado hoje.
Mais de 55 milhões de pessoas na região contavam com ajuda humanitária antes da crise da covid-19, incluindo 26 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Os países árabes tomaram rapidamente medidas para travar a propagação do novo coronavírus, em março, impondo o confinamento, restringindo as viagens e proibindo grandes reuniões públicas, incluindo peregrinações religiosas.
No seu conjunto, os países árabes registaram mais de 830.000 casos de covid-19 e pelo menos 14.717 mortes provocadas pela doença, o que equivale a uma taxa de infeção de 1,9 por 1.000 habitantes e de 17,6 mortes por 1.000 casos, menos de metade da média global, de 42,6 mortes, de acordo com a ONU.
Os países ricos do Golfo foram atingidos pela pandemia numa época de preços baixos do petróleo, agravando a pressão sobre a economia.
Países de rendimento médio, como a Jordânia e o Egito, viram o turismo praticamente desaparecer, além de uma queda nas remessas dos cidadãos que trabalham no estrangeiro.
Até agora, a Líbia e a Síria, devastadas pela guerra, registaram surtos relativamente pequenos. Mas no Iémen, onde cinco anos de guerra civil já tinham gerado a pior crise humanitária do mundo, o vírus está a espalhar-se no sul, controlado pelo governo, enquanto os rebeldes no norte não divulgam informações.
Rola Dashti, responsável pela comissão da Organização das Nações Unidas (ONU), instou os países árabes a "transformar esta crise numa oportunidade", aproveitando para abordar problemas existentes antes da pandemia, como a fragilidade das instituições públicas, a desigualdade económica e a dependência excessiva de combustíveis fósseis.
"Precisamos de investir na sobrevivência das pessoas e das empresas", disse.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o FMI a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.
A pandemia já provocou mais de 617.500 mortos e infetou mais de 15 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.