Reunião entre Felipe e Juan Carlos resultou na decisão de sair de Espanha

O governo participou no pacto da Casa Real espanhola, mas a decisão final foi do rei Felipe. Pablo Iglesisas foi mantido à margem das conversações.

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Fábio Nunes
05/08/2020 08:52 ‧ 05/08/2020 por Fábio Nunes

Mundo

Juan Carlos

A decisão que levou à saída de Espanha do rei emérito Juan Carlos foi tomada após uma reunião com o seu filho, o rei Felipe VI, adianta o El País. Depois de reuniões e conversações através de intermediários, que não resultaram num acordo que permitisse evitar um escândalo para a monarquia espanhola na sequência das contas de Juan Carlos em paraísos fiscais, pai e filho encontraram-se e estabeleceram um pacto que ditou a saída de Juan Carlos de Espanha.

O governo liderado por Pedro Sánchez participou nas conversações anteriores, mas a decisão final pertenceu a Felipe VI. O impasse foi quebrado após o encontro entre o rei e Juan Carlos. “Não havia uma solução boa, apenas menos má”, frisaram as fontes citadas pelo El País.

Para Juan Carlos a linha vermelha era manter o título honorífico e vitalício de rei, concedido por decreto leal em junho de 2014, poucos dias antes de abdicar do trono a favor do filho. Para Felipe VI o objetivo era que a solução de sair de Espanha fosse aceitada de forma voluntária pelo pai, sem que se tratasse de uma imposição externa.

De acordo com o El País, para trás ficaram algumas hipóteses. Juan Carlos pretendia recuperar a sua imagem pública, que antes deste escândalo das contas em paraísos fiscais já tinha sido afetada pela sua relação com Corinna Larsen. Ponderou renunciar à sua imunidade constitucional, algo que foi descartado por ser legalmente inviável.

Também foi discutida a possibilidade de regularizar a sua situação fiscal. Seria ir mais longe do que aquilo a que obriga a lei espanhola, que fixa em cinco anos a prescrição de delitos fiscais. Mas a problema desta solução é que a quantidade de dinheiro a pagar – mais de 60 milhões de euros – não estava ao alcance da capacidade financeira atual de Juan Carlos.

O destino final de Juan Carlos continua a gerar o interesse dos meios de comunicação espanhóis e estrangeiros. Mas não há novidades neste campo. Depois de terem avançado que estaria na República Dominicana, situação desmentida por aquele país, os jornais espanhóis referem que Juan Carlos estará mesmo em Portugal, mas não há indicação de que seja o seu destino definitivo. Marcelo Rebelo de Sousa disse ontem desconhecer essa possibilidade.

Iglesias foi mantido à margem das conversas entre governo e Casa Real

Carmen Calvo, a vice-presidente do governo espanhol, e Iván Redondo, chefe de gabinete de Pedro Sánchez, foram os ‘emissários’ do governo de Madrid nas reuniões com a Casa Real espanhola. Uma situação que pode escalar a tensão no seio do governo.

Pablo Iglesias, vice-presidente do governo e líder do Unidas Podemos, foi mantido à margem das conversações entre Zarzuela e Moncloa. Iglesias considerou “inaceitável” a saída de Juan Carlos de Espanha “quando está a ser investigado”. Também não terá ficado agradado com a forma complacente como os socialistas comunicaram a saída de Juan Carlos de território espanhol.

A dimensão do enfado de Pablo Iglesias por esta situação gera preocupação, mas como dá conta o La Vanguardia, o líder do Unidas Podemos realçou a sua lealdade a Pedro Sánchez.

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