Adotada em 2011 pelo Conselho da Europa, a Convenção de Istambul, é a principal ferramenta supranacional para fixar normas jurídicas contra a violência sexista, mas, recentemente, vários dirigentes do partido que apoia Erdogan admitiram a possibilidade de retirar o país desse tratado.
Em Istambul, várias centenas de mulheres saíram à rua, com cartazes anunciando que "as mulheres não perdoam qualquer violência" ou com os nomes de mulheres que foram vítimas mortais às mãos de homens.
"Estão a atacar os direitos que as mulheres conquistaram, lutando. Mas estamos nas ruas, nas praças, a defender os nossos direitos. Não vamos deixar isto acontecer", disse uma manifestante de Istambul.
Comícios ocorreram em outras cidades, como Ancara e Esmirna, onde uma dúzia de manifestantes foi detida pela polícia.
A mobilização visa apoiar a Convenção de Istambul, um tratado adotado em 2011 pelo Conselho da Europa (que reúne 47 países, incluindo a Turquia) e que estabelece padrões juridicamente vinculativos para prevenir a violência de género.
Há várias semanas que associações conservadoras pedem a Erdogan para retirar a Turquia deste tratado, alegando que ele "prejudica os valores de família" e "banaliza a homossexualidade".
O AKP, o partido conservador que apoia Erdogan, deve tomar uma decisão na próxima semana, de acordo com os 'media' locais.
Para os ativistas em defesa dos direitos das mulheres, a retirada da Convenção de Istambul enfraquecerá a luta contra a violência doméstica e acusam as autoridades de não aplicar de forma firme as leis aprovadas após a ratificação do tratado, em 2012.
De acordo com organizações não governamentais, 474 mulheres foram mortas na Turquia, em 2019.
"Todas as mulheres turcas, sem distinção política, precisam desta Convenção", disse uma das manifestantes em Istambul, apelando à unidade, para contrariar as intenções do partido de Erdogan.