"Nos próximos dias vamos organizar uma conferência internacional de apoio a Beirute e à população libanesa", afirmou Macron numa conferência de imprensa na capital do Líbano, onde se encontra para prestar apoio e solidariedade.
"[A intenção passa por mobilizar] financiamento internacional, dos europeus, dos americanos, de todos os países da região, para fornecer medicamentos, cuidados de saúde e alimentos", sublinhou o Presidente francês.
Na mesma conferência de imprensa, que marcou o fim da sua visita a Beirute, Macron apelou aos dirigentes libaneses que façam "profundas reformas" para que o país saia do impasse político e económico.
"Hoje, são tempos de responsabilidade para o Líbano e para os seus dirigentes. [...] É necessária uma refundação de uma nova ordem política e profundas alterações", afirmou Macron, depois de se ter reunido com grande parte dos principais atores políticos do país.
Por outro lado, reclamou a realização de uma investigação internacional "transparente" para investigar as duas fortes explosões sucessivas que sacudiram Beirute na terça-feira, causando pelo menos 137 mortos e mais de 5.000 feridos, segundo o último balanço feito pelas autoridades libanesas.
Até 300.000 pessoas terão ficado sem casa devido às explosões, segundo o governador da capital do Líbano, Marwan Abboud.
"É preciso realizar uma investigação internacional transparente para evitar que as coisas fiquem esquecidas e que se instalem dúvidas", sublinhou o Presidente francês.
Ainda relacionado com a conferência internacional de doadores, Macron avisou a classe política libanesa que não passará "cheques em branco" a um sistema que não tem a confiança do povo libanês.
Nesse sentido, o Presidente da França, antiga potência mandatária do Líbano, defendeu uma governação "clara e transparente" para que toda a ajuda chegue diretamente à população e às organizações de ajuda humanitária.
Para muito libaneses, as explosões de terça-feira foram a gota de água depois de anos de corrupção e má administração por uma elite política que governa o país há décadas.
"Propus um novo pacto político. Regressarei a 01 de setembro e, se conseguirem alcançá-lo, manterei a minha responsabilidade para com os libaneses. A ajuda francesa será entregue com transparência e não irá parar às mãos da corrupção", frisou.
As violentas explosões deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados há vários anos no porto da capital libanesa.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, revelou que cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no depósito do porto de Beirute que explodiu.