Covid-19: Como a Nova Zelândia chegou a 100 dias sem contágios locais
O governo liderado pela primeira-ministra, Jacinda Ardern, implementou medidas rígidas desde o início da pandemia. Apesar da evolução positiva, tem mantido uma postura cautelosa. As máscaras não têm sido um fator na luta contra a Covid-19.
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Mundo Coronavírus
Se em muitos países do mundo vão sendo atingidos marcos sombrios face à pandemia de coronavírus, no caso da Nova Zelândia o combate à Covid-19 tem sido exemplar e o país registou este domingo um marco invejável: 100 dias sem transmissão comunitária do vírus SARS-CoV-2.
Os dados desta segunda-feira das autoridades de saúde neozelandesas dão conta de um total de 22 óbitos e um número acumulado de 1.219 casos positivos, incluindo apenas 21 casos ativos, todos isolados nas instalações aprovadas pelo governo para esse efeito. Nos últimos 100 dias, todas as novas infeções foram procedentes do exterior do país da Oceânia.
O caminho da Nova Zelândia para chegar a este ponto foi suportado por uma estratégia simples, como recorda a CNN. Uma estratégia que se pode resumir nas palavras de Jacinda Ardern no dia 14 de março. A primeira-ministra neozelandesa afirmou que o país tinha de “ser rígido, e começar cedo”.
Cinco dias depois, quando a Nova Zelândia registava 28 pessoas infetadas, Ardern decidiu fechar as fronteiras a cidadãos estrangeiros. No dia 23 de março anunciou a quarentena a nível nacional, quando o número de contágios era de 102 e não havia registo de vítimas mortais.
As medidas implementadas durante a quarentena foram duras. As neozelandeses não podiam ir à praia, ir buscar comida a take-aways e ou conduzir fora dos bairros onde residem. As regras impostas vigoraram durante cinco semanas, mas o país permaneceu numa quarentena efetiva por mais duas semanas.
As autoridades de saúde neozelandesas assumem que não se pode baixar a guarda© Reuters
As medidas fizeram parte de uma estratégia mais ampla do governo de Ardern: a eliminação. “A eliminação não significa erradicar o vírus permanentemente da Nova Zelândia, ao invés, significa que estamos confiantes que eliminámos as cadeias de transmissão na nossa comunidade durante pelo menos 28 dias e que podemos de forma eficiente conter futuros casos importados”, pode ler-se no site do Ministério da Saúde neozelandês.
A Nova Zelândia só levantou as restrições quando a curva de casos iniciou uma trajetória descendente. No dia 8 de junho, a primeira-ministra anunciou o fim de todas as restrições. Algo que aconteceu depois de nos 17 dias anteriores não ter sido diagnosticado um único caso de contágio.
Atualmente, só podem entrar no país cidadãos neozelandeses, que têm de passar duas semanas isolados nas instalações aprovadas pelo governo.
Em junho, na sequência de dois testes positivos a duas mulheres que tiveram permissão para deixar a quarentena mais cedo por motivo de compaixão, o governo decidiu que o exército passaria a supervisionar as instalações onde são cumpridas as duas semanas de quarentena.
Uso de máscara não tem sido determinante
Ao contrário do ênfase dado em diversos países ao uso de máscara, a sua utilização não tem sido um fator na Nova Zelândia para conter a propagação do SARS-CoV-2. Uma das razões para isso foi o facto de que em março, quando o país se preparava para entrar em quarentena, era difícil comprar máscaras nas lojas.
Quando as pessoas puderam voltar a sair à rua, havia muitos poucos casos ativos na Nova Zelândia. Ainda assim, o Ministério da Saúde já recomendou à população para se preparar para a possibilidade de uma segunda vaga de coronavírus e para, entretanto, comprar máscaras.
Para além das estratégias de saúde pública, há fatores naturais benéficos para controlar a transmissão de casos de Covid-19 na comunidade. A Nova Zelândia não tem fronteiras terrestres, uma vantagem para controlar mais facilmente quem entra nesta nação.
Também não é um país com uma densidade populacional elevada. Os dados do Banco Mundial mostram que na Nova Zelândia vivem 18 pessoas por quilómetro quadrado, o que compara com os 36 habitantes por quilómetro quadrado nos Estados Unidos e os 455 residentes por quilómetro quadrado na Índia, dois dos países mais atingidos pela pandemia.
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