Björn Höcke, o líder "legalmente fascista" da extrema-direita na Turíngia

O líder da Alternativa para a Alemanha (AfD) na Turíngia, Björn Höcke, conseguiu a primeira vitória de um partido de extrema-direita numa eleição regional desde o fim da Segunda Guerra, enquanto a justiça o condenou por usar um antigo lema nazi.

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© FABRIZIO BENSCH/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
22/02/2025 17:34 ‧ há 5 horas por Lusa

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Alemanha/Eleições

Höcke, rosto da ala mais radical da AfD, encerrou hoje a campanha para as eleições federais de domingo com um comício numa praça no centro de Erfurt, perante mais de mil apoiantes, segundo a polícia, enquanto mais de 4.000 pessoas se manifestavam, ao lado, contra a extrema-direita.

 

A estrutura regional da AfD que Höcke lidera é vigiada pelas autoridades, sendo classificada pelos serviços secretos alemães como uma organização "comprovadamente extremista" -- o mesmo acontece em outros estados, como na Saxónia e Saxónia-Anhalt, ou com o ramo do partido para os jovens, Jungen Alternative.

A polémica figura da AfD já lhe viu ser retirada a imunidade parlamentar em sete ocasiões.

Em 2019, o tribunal administrativo de Meiningen considerou que é legal chamar-lhe fascista, argumentando existir uma "base factual verificável".

Professor de História, entrou para a política em 2013 e os seus discursos públicos raiam, por vezes, o revisionismo histórico. Alunos seus relataram que não foi autorizado a lecionar a matéria sobre o nacional-socialismo.

No ano passado, foi condenado a pagar uma multa de 13 mil euros por ter usado num comício o antigo lema nazi "Tudo pela Alemanha", um lema proibido da organização paramilitar nazi SA, ligada à ascensão ao poder do ditador genocida Adolf Hitler.

A decisão judicial referia-se a um comício em específico, em maio de 2021, mas outras situações em que Höcke utilizou o mesmo lema ou encorajou o público a proferi-lo terão de ser julgadas separadamente.

Em tribunal, Höcke disse que a acusação era parcial, argumentando que a liberdade de expressão na Alemanha está em risco.

Noutras ocasiões, o político usou outras expressões associadas ao nazismo.

Em 2017, criticou o monumento de homenagem às vítimas do Holocausto, em Berlim, como "um memorial da vergonha".

Repudia críticas ao nazismo, que considera uma tentativa de "roubar a identidade coletiva" dos alemães, e defende "uma viragem de 180 graus" na memória coletiva do país, marcada pela cultura de memória e arrependimento.

Membros da AfD quiseram expulsá-lo, mas Höcke disse ter cometido "um erro" e que tinha aprendido "muitas lições".

Nasceu em abril de 1972 em Lunen (oeste da Alemanha), onde os seus avós se instalaram depois de terem sido deportados da Prússia Oriental. De acordo com a imprensa alemã, a infância de Höcke foi marcada pela nostalgia da sua pátria perdida.

A partir de 2015, quando a Alemanha recebeu mais de um milhão de refugiados sírios -- durante um governo liderado por Angela Merkel (CDU) -, Höcke começou a radicalizar o discurso anti-imigração, atualmente a principal bandeira da AfD.

Apesar das polémicas, levou a AfD à vitória nas últimas eleições regionais, em setembro passado, nas quais o partido venceu com 32,8% dos votos. No entanto, os restantes partidos impuseram um 'cordão sanitário' e a Turíngia é agora liderada por uma coligação entre a CDU, SPD e BSW.

O líder da CDU, Friedrich Merz, favorito nas sondagens sobre as eleições deste domingo, insiste que não fará coligações com a AFD e usou mesmo o exemplo de Höcke durante a campanha para ilustrar essa recusa.

Num debate com os candidatos da AfD, Alice Weidel, do SPD, o chanceler Olaf Scholz, e dos Verdes, Robert Habeck, Merz referiu-se a uma entrevista da candidata da extrema-direita, em que admitia que Höcke poderia chegar a ministro.

"Para ser honesto, senhora Weidel, não chegaremos a isso [negociações para uma coligação], mas não vou sentar-me na mesma sala que o senhor Höcke. Você quer fazer dele um ministro. Faça uma boa viagem, não connosco", disse o candidato conservador.

Leia Também: Neonazis desfilam em Berlim sob apupos de populares e ativistas

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