"Convido os organizadores das manifestações a mostrarem contenção. Toda a comunidade internacional sabe que existem dificuldades no Mali. Estamos a tentar ajudar o povo maliano a resolvê-las", disse o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, numa conferência de imprensa em Bamako, na noite de segunda-feira.
"Assim, já não há necessidade de organizar manifestações continuamente. A organização destas manifestações expõe principalmente os jovens" e "os bens dos malianos ao vandalismo", disse Jonathan, enviado especial ao Mali da CEDEAO.
O representante da CEDEAO considerou que o país "está a fazer progressos" com "a criação do Tribunal Constitucional", defendendo que a resolução dos problemas deve "permanecer estritamente no quadro do diálogo".
O antigo líder nigeriano chegou a Bamako na segunda-feira para assistir à tomada de posse dos nove membros do Tribunal Constitucional, que foram nomeados em 07 de agosto, de acordo com recomendações da CEDEAO do final de julho, para tentar tirar o país da crise política.
O Tribunal Constitucional é visto como um dos desencadeadores da atual crise política, depois de ter invalidado no final de abril cerca de 30 resultados das eleições legislativas, incluindo uma dúzia a favor da maioria do Presidente Ibrahim Boubacar Keïta, no poder desde 2013.
O movimento de contestação ao Presidente, que se vem manifestando nas ruas, marcou para hoje novas manifestações contra o Governo.
Jonathan deverá encontrar-se com o Presidente Keïta e uma delegação da maioria presidencial durante o dia de hoje, disse fonte da sua comitiva, citada pela agência France-Presse.
Na segunda-feira, o enviado especial da CEDEAO esteve reunido com o Imã Mahmoud Dicko, um dos líderes do movimento que desafia o poder no Mali, de acordo com a mesma comitiva.
Ainda hoje deveria viajar para Nioro (noroeste) para se encontrar com o xerife local Bouyé Haïdara, o mentor do imã Mahmoud Dicko, mas a viagem foi adiada para quarta-feira, disse a mesma fonte.
Desde a decisão do Tribunal Constitucional de invalidar os resultados legislativos, uma coligação de opositores, líderes religiosos e membros da sociedade civil tem vindo a pedir a saída do Presidente Keita.
No fim de semana de 10 de julho, uma manifestação degenerou em três dias de confrontos violentos que causaram pelo menos 11 mortos.
Edifícios públicos, como a Assembleia Nacional, foram vandalizados.
Desde 2012, o Mali tem também enfrentado ataques 'jihadistas' do norte e confrontos intercomunitários.
A violência atingiu o centro do país e os países vizinhos Níger e Burkina Faso.