"As forças de segurança [malianas] usaram força excessiva para reprimir as manifestações, por vezes violentas, organizadas pela oposição política", afirmou a HRW num comunicado.
No documento, a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos lamentou também que as manifestações realizadas entre 10 e 12 de julho, convocadas pelo movimento opositor M5-RFP, tenham produzido episódios de violência que resultaram em pelo menos 14 mortos e 400 feridos, incluindo manifestantes, transeuntes e responsáveis das forças de segurança.
A oposição maliana defende que o número de mortos nas manifestações ascenderam a 23.
A ONG apelou aos líderes da oposição a tomarem medidas concretas para evitarem mais situações de violência por parte dos seus apoiantes.
"Para evitar mais perdas de vidas, é necessário assegurar que os protestos violentos sejam dispersos com o mínimo uso de força, e os partidos políticos devem convencer os seus membros a conterem-se [durante as manifestações]", afirmou a diretora da HRW para o Sahel, Crinne Dufka, citada pela agência Efe.
Em 27 de julho, os chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizaram uma cimeira extraordinária, onde recomendaram a formação de um Governo de união nacional, assim como a demissão de 31 deputados e a remodelação do Tribunal Constitucional.
As recomendações foram rejeitadas pelo M5-RFP, que reforçou que a sua principal exigência é a demissão de Ibrahim Boubacar Keita.
Em 05 de agosto, a Amnistia Internacional tinha também criticado a "repressão sangrenta" no país.
Um dos catalisadores da atual crise política no Mali foi a invalidação, no final de abril, de 30 resultados das eleições legislativas pelo Tribunal Constitucional, incluindo cerca de uma dezena em favor da maioria parlamentar.
A decisão, aliada a fatores como o clima de instabilidade e insegurança sentido nos últimos anos no centro e norte do país, a estagnação económica e a prolongada corrupção, instigaram várias manifestações contra IBK, como é conhecido o chefe de Estado.
Portugal tem desde 01 de julho uma Força Nacional Destacada no Mali, no âmbito da missão das Nações Unidas, a Minusma, que inclui 63 militares da Força Aérea Portuguesa e um avião de transporte C-295.
O objetivo do destacamento português é assegurar missões de transporte de passageiros e carga, transporte tático em pistas não preparadas, evacuações médicas, largada de paraquedistas e vigilância aérea, e garantir a segurança do campo norueguês de Bifrost, em Bamako, onde estão alojados os militares portugueses.