No passada terça-feira, dia 4 de agosto, imagens de fortes explosões no porto de Beirute chegavam a todo o mundo. O momento, que, de acordo com o último balanço, fez mais de 170 mortos e seis mil feridos, foi também o momento em que Edmond Khnaisser se preparava para captar, em vídeo, imagens do nascimento do filho.
Em vez disso, registou o momento da explosão, que estilhaçou as janelas do quarto do hospital onde Emmanuelle, de 28 anos, se preparava para dar à luz.
"Vi a morte como os meus próprios olhos...comecei a olhar para o teto, à espera que caísse sobre nós", começou por contar Emmanuelle, em declarações à Reuters.
Enquanto limpava o sangue e os vidros partidos que tinha em si, a equipa médica acompanhou-a a uma outra sala, com receios de uma nova explosão.
A tremer e prestes a desmaiar, a jovem reconheceu que tinha de se concentrar no parto. "Ele tem de nascer e eu tenho de ser forte", conta, recordando as palavras que disse a si mesma na altura.
O momento do parto jamais será esquecido. Imediatamente a seguir à explosão, o obstetra encarregue de trazer à vida o filho de Emmanuelle saiu da sala para ajudar uma enfermeira que estava ferida, mas esta acabou por morrer.
"Não havia eletricidade e o sol estava a começar a pôr-se, por isso sabíamos que tínhamos de ter isto feito o mais rápido possível. Acompanhado pelas lanternas de vários telemóveis, ele nasceu", conta a recém-mamã, uma semana após a explosão.
Cerca de 17 pessoas morreram no hospital de St. George e dezenas ficaram feridas, incluindo a mãe de Edmond. Dividindo-se entre a mãe e a mulher, o seu único objetivo era manter o seu filho a salvo.
"O George é muito especial. Ele é a luz na escuridão, um nascimento nas ruínas", afirmou o recém-papá.