Cerca de 1.000 alunos reuniram-se na sexta-feira no espaço do 'campus' da Universidade Chulalongkorn, no centro de Banguecoque, para pedir uma nova Constituição, a renúncia do Governo, a reforma da monarquia e o fim da intimidação aos críticos, depois de Parit 'Pinguim' Chiwarak, uma das figuras do movimento pró-democracia, ter sido detido pelas autoridades, com os protestos a estenderem-se a outras cidades da Tailândia.
Segundo a agência de notícias norte-americana Asociated Press (AP), após ser libertado pelo Tribunal Criminal de Banguecoque, Parit teve uma "postura desafiante" para com o regime tailandês, perante "uma multidão de jornalistas e simpatizantes", uma vez que saiu em liberdade com a condição de não repetir as alegadas ofensas contra o Governo.
De acordo com a AP, Parit "leu uma lista de propostas para reformar a monarquia, apresentada pela primeira vez no comício universitário de segunda-feira", fazendo o país balançar, "porque as críticas públicas à instituição real são virtualmente sem precedentes e tradicionalmente tabu".
Contudo, não está claro se todos os elementos do movimento de protesto apoiam as propostas, acrescenta a agência de notícias.
"Não me arrependo de ter sido preso, porque, desde que entrei para o movimento, sabia que poderia acontecer, mas não será em vão. Todos deveriam ter a coragem de falar sobre a monarquia", afirmou Parit.
Os principais meios de comunicação da Tailândia abstiveram-se de noticiar os protestos contra a monarquia "por causa da sua sensibilidade".
Existe uma lei dura contra os atos de difamação da monarquia, a qual prevê uma pena de três a 15 anos de prisão, e, além disso, as críticas à monarquia também podem ser processadas sob vários outros estatutos que cobrem principalmente a segurança nacional.
Após sua libertação, Parit declarou na sua página da rede social Facebook que espera ver muitos dos seus seguidores num "grande comício" agendado para domingo, em Banguecoque.
"Há uma unidade policial - unidade 904 -- a perseguir-me, então não tenho certeza sobre a minha segurança", referiu Parit, acrescentando que "amanhã [domingo] há uma grande manifestação" que será por si liderada, razão pela qual precisava de sair da prisão.
O vídeo da detenção de Parit 'Pinguim', líder da União de Estudantes Tailandeses, foi transmitido ao vivo pela rede social Facebook, numa altura em que o ativista se deslocava de carro para uma manifestação, e mostra um polícia a ler as acusações antes de o colocar num carro, o que gerou uma onda de solidariedade nas redes sociais, especialmente na rede social Twitter, sob o 'hashtag' #SaveParit.
Esta foi a terceira prisão de um ativista numa semana, depois das de um advogado e outro líder estudantil, a 07 de agosto, ambos libertados sob fiança 24 horas depois, e sobre os quais impendem 10 acusações, incluindo sedição e violação da lei de emergência sanitária.
Os protestos têm ganhado força há várias semanas, mas assumiram um rumo polémico na segunda-feira, quando alguns palestrantes de outra universidade a norte de Banguecoque criticaram abertamente aspetos da monarquia constitucional da Tailândia.
A abertura desse desafio aquilo que é a instituição mais venerada do país enviou ondas de choque por toda a Tailândia, onde a monarquia é protegida por uma lei draconiana de difamação que acarreta uma pena de até 15 anos de prisão.