Pelo menos 45 migrantes morreram em naufrágio ao largo da Líbia

Pelo menos 45 migrantes e refugiados morreram esta semana na sequência de um naufrágio ao largo da Líbia, no Mar Mediterrâneo, divulgou hoje a ONU, referindo-se ao incidente como o mais mortífero naufrágio registado este ano.

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Lusa
19/08/2020 20:17 ‧ 19/08/2020 por Lusa

Mundo

Refugiados

 

Num comunicado conjunto, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), duas agências do sistema da ONU, precisaram que 37 sobreviventes do naufrágio, que foram resgatados por pescadores locais, relataram que pelo menos 45 pessoas morreram quando o motor da embarcação em que viajavam explodiu ao largo da cidade portuária de Zwara, situada no noroeste da Líbia.

De acordo com as duas agências, o naufrágio ocorreu na segunda-feira.

Os sobreviventes, que foram posteriormente detidos após o desembarque, são oriundos maioritariamente do Senegal, Mali, Chade e do Gana.

Nos testemunhos que forneceram às equipas da OIM, os sobreviventes indicaram que entre as vítimas mortais constam pelo menos cinco crianças.

No mesmo comunicado conjunto, e perante este último incidente, as duas agências voltam a apelar à comunidade internacional, em particular aos Estados europeus, que reveja a sua abordagem em relação ao Mediterrâneo.

"Existe uma necessidade urgente de reforçar a atual capacidade de busca e de salvamento para responder aos pedidos de socorro", frisaram o ACNUR e a OIM.

"Continua a existir uma ausência contínua de qualquer programa de busca e de salvamento liderado pela União Europeia (UE). Tememos que, sem um aumento urgente da capacidade de busca e de resgate, haja o risco de uma nova catástrofe semelhante aos incidentes que resultaram em grandes perdas de vidas no Mediterrâneo Central antes do lançamento da 'Mare Nostrum' [missão de resgate e salvamento criada em 2013 e que durou até outubro de 2014]", reforçaram as organizações.

O território líbio integra a chamada rota migratória do Mediterrâneo Central, que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a Malta.

Pelo menos 302 migrantes e refugiados terão morrido este ano durante a travessia desta rota migratória, segundo os dados das duas agências, que admitem, no entanto, que o número efetivo de vítimas mortais será provavelmente muito mais elevado.

Mais de 17 mil pessoas chegaram este ano às costas italianas e maltesas a bordo de embarcações que partiram da Líbia e da Tunísia, um número três vezes superior quando comparado com os dados de 2019.

A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes que tentam fugir de conflitos, violência e da pobreza, que procuram alcançar a Europa através do mar Mediterrâneo.

Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muhammar Kadhafi em 2011, a Líbia tem sido igualmente um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações.

A maioria dos migrantes tenta fazer a travessia do Mediterrâneo em botes de borracha mal equipados e muito precários em termos de segurança.

Em fevereiro, a UE acordou trocar a missão de patrulhamento e de controlo do fluxo de migrantes no Mediterrâneo (designada como Sophia) por uma missão que visa bloquear a entrada de armas na Líbia e cumprir o embargo imposto pelo Conselho de Segurança da ONU, encarado como essencial para travar o conflito civil em curso no território líbio.

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