"Um diálogo entre as autoridades, a oposição e a sociedade civil é (...) indispensável. Esperamos que esse diálogo possa ser iniciado pelos próprios bielorrussos. Mas a União Europeia (UE) está, no entanto, disposta a acompanhá-lo (...), se o nosso papel de mediação puder ser útil e for desejado pelos bielorrussos, com outras instituições, nomeadamente a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), e incluindo a Rússia no exigente diálogo", afirmou o chefe de Estado francês, em declarações feitas ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel.
A crise na Bielorrússia foi desencadeada após as eleições de 09 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato presidencial, com 80% dos votos.
A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.
Os protestos têm sido duramente reprimidos pelas forças de segurança, com quase 7.000 pessoas detidas, dezenas de feridos e pelo menos três mortos.
Por seu lado, Angela Merkel, que hoje se deslocou à Riviera Francesa (no sul de França) para debater com o governante francês vários dossiês europeus e internacionais, sublinhou que o contestado Presidente Lukashenko não procurou falar com nenhum líder europeu para discutir a crise política bielorrussa, admitindo, porém, que os dirigentes europeus têm vindo a falar com Moscovo, o poderoso aliado do regime de Minsk.
"Lukashenko não procurou falar com nenhum de nós", lamentou Merkel, acrescentando: "É evidente que estamos a dizer a [Vladimir, Presidente russo] Putin que procuramos o diálogo" com o líder bielorrusso.
Na quarta-feira, e no final de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da UE realizada por videoconferência, o bloco comunitário afirmou estar solidário com o povo da Bielorrússia e que vai apoiá-lo, bem como indicou que pretende sancionar os responsáveis pela fraude nas eleições presidenciais e pela violência registada nas ruas bielorrussas, pois "não aceita impunidade".
"Estas eleições não foram nem livres nem justas. Não reconhecemos os resultados apresentados pelas autoridades bielorrussas. O povo da Bielorrússia merece melhor", declarou, na quarta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que insistiu na necessidade de ser lançado um "diálogo nacional inclusivo" com vista a uma solução pacífica e democrática para a transição de poder.
Na mesma ocasião, e questionado sobre a sua conversa telefónica na terça-feira com o Presidente russo, Vladimir Putin, o presidente do Conselho Europeu indicou que lhe transmitiu "a convicção europeia de que é importante um diálogo nacional inclusivo" imune a "interferências externas negativas".