Covid-19. Metade de casos graves e mortes em África são doentes crónicos

Doentes crónicos com hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e asma representam mais de metade dos casos graves e mortes por covid-19 em vários países africanos, disse hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS).

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Lusa
10/09/2020 15:06 ‧ 10/09/2020 por Lusa

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Covid-19

De acordo com dados divulgados, em conferência de imprensa, pelo escritório da OMS para a região africana - que abrange 46 países da África Subsaariana e a Argélia - na África do Sul, responsável por quase metade de todos os casos e mortes por covid-19 no continente, 61% dos doentes hospitalizados tinham hipertensão e 52% diabetes.

Das pessoas, entre os 60 e os 69 anos, que morreram de covid-19, 45% também tinham hipertensão.

No Quénia, cerca de metade das mortes associadas à covid-19 ocorreram em pessoas com doenças crónicas não transmissíveis, enquanto na República Democrática do Congo, esses doentes foram responsáveis por 85% de todas as mortes relacionadas com o novo coronavírus.

De acordo com a OMS, há cada vez mais provas de que os africanos que vivem com doenças crónicas não transmissíveis, são mais suscetíveis de sofrer casos graves de covid-19 e de morrer.

"Milhões de africanos que vivem com doenças não transmissíveis estão em maior risco de complicações ou de morrer de covid-19", alertou, durante a mesma conferência de imprensa, a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.

Uma análise preliminar da OMS em 14 países da região africana revelou que a hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e asma são as comorbilidades mais associadas aos doentes com covid-19.

A organização aponta que estas condições crónicas requerem tratamento contínuo, no entanto, a pandemia tem "perturbado gravemente" os serviços de saúde que tratam estas doenças.

"Por isso é muito preocupante descobrir que justamente quando as pessoas com hipertensão e outras condições crónicas mais necessitam de apoio, muitas estão a ser abandonadas", acrescentou Moeti.

Num inquérito realizado a 41 países da África subsaariana, 22% dos países relataram que apenas têm disponíveis cuidados de emergência para doenças crónicas, enquanto 37% dos países deram conta de que os cuidados ambulatórios são limitados.

A gestão dos doentes com hipertensão (59%) e diabetes (56%) foi perturbada em mais de metade dos países.

A OMS sustenta que o encerramento ou redução dos serviços "é suscetível de agravar ainda mais as condições dos doentes" e de "exacerbar a suscetibilidade" destes doentes à covid-19.

A agência das Nações Unidas para a saúde recomenda, neste contexto, o controlo do consumo de tabaco e álcool, porque ambos aumentam o risco de doenças crónicas, e sublinha a importância de assegurar a qualidade dos cuidados primários de saúde e dos sistemas de encaminhamento para ajudar as pessoas a obterem "o tratamento certo na altura certa".

Em 2015, as doenças crónicas não transmissíveis mataram 3,1 milhões de pessoas na região africana, contra 2,4 milhões em 2010, segundo a OMS.

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