Autoridades pedem mais reforços para combater fogos no Pantanal

O estado brasileiro de Mato Grosso pediu hoje mais reforços e equipamentos, incluindo militares e aeronaves, para combater os incêndios que destruíram cerca de 20% do Pantanal, após a região continuar em alerta mesmo com chuva.

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Lusa
21/09/2020 21:06 ‧ 21/09/2020 por Lusa

Mundo

Incêndios no Pantanal

O governador de Mato Grosso (oeste brasileiro, na fronteira com a Bolívia), Mauro Mendes, enviou uma petição oficial ao Ministério da Justiça, no qual solicitou o envio urgente de militares e agentes da Força de Segurança Nacional, além de aviões, para reforço do combate aos graves incêndios que lavram no Pantanal.

Mendes oficializou em memorando um pedido já feito na semana passada, por telefone, ao ministro da Justiça, André Mendonça, e que o executivo se comprometeu em atender, mas cuja situação se agravou enquanto aguardava por reforços, explicou o governador em comunicado.

O Pantanal, maior área húmida do planeta e que o Brasil divide com Bolívia e Paraguai, tem cerca de 250.000 quilómetros quadrados de extensão, dos quais cerca de 60% ficam em território brasileiro, onde se estende por parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

No seu comunicado, o governador de Mato Grosso destacou a importância ecológica do Pantanal por ser uma das regiões mais ricas em biodiversidade do mundo, principalmente pelas suas inúmeras espécies de peixes e aves aquáticas.

"A maior planície alagada (inundada) do Mundo, que recebeu da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) os títulos de Reserva da Biosfera e Património Natural da Humanidade, o Pantanal impressiona pela diversidade de fauna e flora", advogou Mendes.

Se no ano passado as imagens da Amazónia em chamas causaram consternação e crítica mundial, este ano o motivo da indignação são as imagens de animais mortos ou cercados pelo fogo no Pantanal, entre os quais onças, veados, jacarés e araras azuis, alguns ameaçados de extinção.

O governador indicou que o Mato Grosso vive atualmente uma das piores vagas de incêndios dos últimos anos, e que já atingiram 20% do Pantanal, tendo sido obrigado a declarar situação de emergência.

Mendes frisou que o seu governo estadual combate os incêndios desde março último e que já conta com 2.500 homens no terreno, entre bombeiros, socorristas e voluntários, divididos em 40 equipes de combate ao fogo em várias regiões, além de seis aeronaves e três helicópteros.

"Mas, devido às condições meteorológicas desfavoráveis, como a baixa humidade e a falta de chuva há cerca de 120 dias, temos que procurar novas ajudas para minimizar os impactos do fogo no ambiente e na qualidade de vida dos cidadãos", explicou.

As primeiras chuvas no Pantanal nos últimos meses foram registadas neste fim de semana e, embora tenham ajudado a amenizar a situação e a aumentar a humidade relativa do ar, não foram suficientes para apagar todos os incêndios.

Segundo a Defesa Civil de Mato Grosso, as chuvas reduziram em 20% os incêndios no estado.

"Hoje temos um certo controle, mas é preciso esclarecer que o Pantanal é extenso e tem características que dificultam o combate ao fogo, devido aos poucos acessos já que estamos há 14 anos sem grandes incêndios na região, então não posso dizer que está tudo controlado com a chuva", disse o coordenador dos bombeiros de Mato Grosso do Sul, tenente-coronel Dercio Silva.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) informour que os incêndios registados até agora, neste mês, no Pantanal já duplicaram face aos 2.887 somados nos 30 dias de setembro de 2019, e no ritmo atual farão deste setembro o mês com maior número de fogos na história daquela região, acima do recorde de 5.993 contabilizados em agosto de 2005.

Segundo o órgão governamental, quando ainda faltam três meses e meio para o final do ano, o Pantanal conta cerca de 16 mil incêndios, recorde que já supera os fogos registados em 2005, o pior ano da história do pantanal (12.536 incêndios).

 

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