Na presença do candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden e da sua candidata à vice-presidência, Kamala Harris, e uma semana depois da sua morte, aos 87 anos, os restos mortais da ícone feminista e progressista repousaram por algumas horas no Capitólio, em Washington, antes de ser enterrada no Cemitério Nacional de Arlington, para um funeral privado, na próxima semana.
"A sua morte é uma perda incalculável para a nossa democracia e para todos aqueles que lutam para construir um futuro melhor para nossos filhos", disse a líder da maioria democrata na câmara de representantes, Nancy Pelosi.
Ruth Bader Ginsburg foi a segunda mulher (depois da ativista de direitos civis Rosa Parks, em 2005) e primeira pessoa de fé judaica a receber a homenagem em corpo ardente no Capitólio, enquanto os edifícios públicos estão com a bandeira a meia-haste.
No cenário solene, uma cena curiosa surpreendeu os presentes, quando, em frente ao caixão, um homem subitamente deitou-se no chão para fazer três flexões: era Bryant Johnson, o 'personal trainer' da juíza, cuja pequena altura, 1,54 m, e frágil estatura ocultavam uma enorme energia.
O treinador tinha mesmo publicado, em 2017, um livro de exercícios de ginástica, inspirado na imagem e treino da magistrada que se tornou um ícone popular.
Ausência notada na cerimónia no Capitólio foi a dos líderes republicanos do senado, Mitch McConnell, e da câmara de representantes, Kevin McCarthy.
No final do evento, parlamentares republicanos e democratas reuniram-se na escadaria do Capitólio para prestar-lhe uma última homenagem, num raro sinal de união, já que a sua morte precipitou uma dura batalha política.
Sob vaias, na quinta-feira, Donald Trump prestou homenagem em silencio em frente ao caixão de Ginsburg, na entrada do Supremo Tribunal de Justiça.
Mas o Presidente republicano está mais preocupado em encontrar um sucessor para Ginsburg, tendo prometido apontar um nome já no sábado, para que possa ser empossado ainda antes das eleições presidenciais, marcadas para 03 de novembro.
A morte de Ruth Bader Ginsburg abriu a possibilidade de Trump nomear mais um juiz para o Supremo Tribunal, podendo deixar este órgão com uma maioria conservadora de seis contra três juízes, o que está a provocar a indignação dos democratas, que defendem que a escolha deve ser feita pelo Presidente que tome posse em janeiro.
Segundo a neta de Ginsburg, o mesmo desejo teria sido comunicado à família pela juíza, antes da sua morte, numa versão contestada por Donald Trump.