Em declarações no Conselho Europeu, que se realiza hoje e sexta-feira, em Bruxelas, Merkel reconheceu que "a relação com a Turquia é complexa" e que a UE deve tentar "resolver pacificamente as tensões" no Mediterrâneo oriental, mantendo com Ancara uma "relação construtiva".
"Apesar das dificuldades, a UE tem grande interesse em manter um relacionamento construtivo. Somos aliados na NATO e temos um acordo comum para regular a migração", recordou Merkel.
O chanceler alemã defende o apelo ao diálogo entre a Grécia e Chipre, por um lado, e a Turquia, por outro, para resolver as divergências quanto à disputa sobre a exploração de hidrocarbonetos que Ancara tem realizado no Mediterrâneo oriental.
As tensões entre Ancara e Atenas e Nicósia têm vindo a subir de tom devido às perfurações ilegais turcas nas zonas económicas especiais da Grécia e do Chipre, reclamadas pela Turquia, e estão na origem do bloqueio de Chipre às sanções europeias à Bielorrússia, hoje em discussão no Conselho Europeu extraordinário.
Após a 'luz verde' dada pelo Conselho da UE em agosto passado, a lista de medidas restritivas relativamente à Bielorrússia tem de ser formalmente aprovada por unanimidade para ficar em vigor, processo que o Chipre está a bloquear por exigir medidas semelhantes contra a Turquia, dada a crise do Mediterrâneo oriental.
Merkel explicou que a cimeira europeia será dominada pela política externa - a China será o outro grande assunto da agenda - e referiu-se, em particular, aos laços económicos e às tentativas de acelerar as negociações para a assinatura de um acordo bilateral de proteção de investimentos.
Ainda sobre a China, Merkel disse que espera que a cimeira destaque a preocupação europeia com a situação em Hong Kong e as violações dos direitos humanos em Xinjiang.
Outros temas internacionais atuais foram acrescentados à agenda da cimeira, como as crises na Bielorrússia e em Nagorno-Karabakh.
Os líderes dos 27 vão ainda reunir-se com o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, sobre o orçamento comunitário para o período 2021-2027 e sobre o fundo de recuperação e resiliência, que precisa da aprovação dos eurodeputados para entrar em vigor.