De acordo com a agência France-Presse (AFP), as assembleias de voto abriram às 08h00 locais e fecharam às 20h00 (03h00 e 15h00 de Lisboa, respetivamente), sendo os resultados destas eleições pluralistas, raras na região, esperados à noite.
Entre os 16 partidos que foram a votos, dois estão seguros de obter lugares no parlamento, que contém um total de 120 deputados.
O partido Birimdik (centro-esquerda) é considerado leal ao Presidente Sooronbay Jeenbekov, e entre os seus candidatos encontra-se o irmão do chefe de Estado, Asylbek Jeenbekov, também ex-chefe do parlamento.
O seu principal rival, o Mekenim Kirghizstan ('A minha pátria é o Quirguistão' - direita), está aliado à poderosa família Matraimov, e cujo líder Rayimbek Matraimov, um antigo responsável da alfândega, esteve no centro de manifestações contra a corrupção no ano passado.
Segundo os analistas consultados pela AFP, as eleições não devem pôr em causa a proximidade do Quirguistão à Rússia, já que os dois principais partidos exprimiram-se a favor da continuação da integração na União Económica Euroasiática, criada por Moscovo, depois da adesão quirguiz em 2015.
Num ambiente de regimes autoritários, o montanhoso Quirguistão permanece um 'ilhéu' de pluralismo na região da Ásia central, recheada de antigas repúblicas soviéticas.
Mas devido à pandemia de covid-19, que agravou a pobreza da população, várias pessoas alertaram para o risco de corrupção massiva dos votos por parte dos partidos mais ricos.
Um jornalista da France-Presse observou, na vila de Bash-Kunguey, vários miniautocarros estacionados atrás de uma assembleia de voto, onde a fila para votar compreendia várias dezenas de soldados mas também civis vestidos de forma muito diferente dos habitantes da localidade, à medida que homens musculados em fato de treino observavam a fila.
Um formulário que permitiu aos cidadãos mudar o local de voto suscitou críticas que sustentavam que essa prática permitia aos partidos campanhas de compra de votos.
"Isso permite a corrupção. Isso ajuda a comprar as pessoas. Nós devemos livrar-nos disso", estimou Oleg Kenzheev, um eleitor desempregado de 59 anos à AFP, acrescentando que "os eleitos do Quirguistão só vivem para eles próprios".
A comissão eleitoral central reconheceu que cerca de 500 mil eleitores (num total de 3,5 milhões) modificaram o seu lugar de voto antes da eleição.
O procurador da república centro-asiática anunciou a abertura de um inquérito sobre as acusações, incluindo uma de compra de votos em troca de sacos de carvão.