"Serão os dias e semanas que vêm que vão decidir a posição da Alemanha face a esta pandemia neste inverno", disse a chefe do Governo alemão numa conferência de imprensa, insistindo na importância do uso de máscara, do respeito pela distância social e do "arejamento dos locais".
A chefe do Governo alemão falava à imprensa depois de uma reunião com os presidentes de câmara das 11 maiores cidades da Alemanha, os principais focos de propagação do novo coronavírus no país nos últimos dias.
Segundo Merkel, este é o "momento decisivo" para controlar a pandemia, antes que a situação "descarrile" no outono e inverno.
"Todos vemos que as grandes cidades, os ambientes urbanos, são os locais onde veremos se conseguimos ter a pandemia sob controlo na Alemanha, como conseguimos durante meses, ou se perdemos o controlo", disse.
"Sabemos, graças às medidas já tomadas [...] que é precisa uma dezena de dias para saber se a incidência baixa", prosseguiu.
Se o aumento de casos não parar em dez dias e se o rastreio das pessoas infetadas se tornar impossível, "outras medidas de restrição dirigidas serão inevitáveis", afirmou.
"O nosso objetivo deve ser manter as infeções numa única zona, onde cada infeção pode ser seguida, onde as pessoas podem ser avisadas e onde é possível voltar a quebrar as cadeias de contágio", precisou Merkel.
"As coisas correram bem este verão, mas agora vemos um cenário preocupante", disse, insistindo na necessidade de respeitar as medidas já tomadas, como a limitação das reuniões privadas.
Para controlar a situação epidemiológica, Merkel apontou a introdução de novas restrições nos grandes centros urbanos que registem pelo menos 50 novos casos por 100.000 habitantes em sete dias.
Entre as novas restrições, precisou, poderão estar o encerramento de estabelecimentos durante a noite, a limitação da capacidade dos estabelecimentos, a proibição de venda de álcool e o uso obrigatório de máscara.
Medidas, frisou, que permitam rastrear o maior número de infeções possível, alertar todos os contactos e quebrar as cadeias de contágio, para que o vírus não se propague de forma "descontrolada e incontrolável".
Mas, sublinhou, a prioridade do executivo é aplanar a curva de contágios sem ter de adotar novas restrições, para permitir a recuperação da atividade económica, assegurar postos de trabalho e manter, "na medida do possível", creches e escolas abertas.
Segundo números de hoje, a Alemanha registou nas últimas 24 horas 4.516 novos casos, o número mais alto desde meados de abril, depois dos 4.058 anunciados na quinta-feira.
Os dados dos dias anteriores oscilavam entre os 2.000 e os 2.800 novos casos diários.
Desde o início da pandemia, o país diagnosticou 314.660 casos de infeção pelo SARS-CoV-2 e 9.589 mortes associadas à covid-19.
Face a esta evolução, várias grandes cidades alemãs, como Berlim e Frankfurt impuseram a redução dos horários de funcionamento de restaurantes e cafés e outras restrições aos contactos sociais.
Em Berlim, a partir de sábado e pelo menos até 31 de outubro, todos os estabelecimentos comerciais têm de encerrar entre as 23:00 e as 06:00.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e sessenta e três mil mortos e mais de 36,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.062 pessoas dos 83.928 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.