Morteza Damanpak Jami referia-se à data de 18 de outubro, prevista ao abrigo do acordo internacional sobre o programa nuclear de Teerão e da resolução 2231 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Quer dizer, o Irão pode agora cooperar na indústria de defesa com outros países. O Irão pode comprar as armas convencionais de que necessitar e pode vender armamento convencional. Mas não quer dizer que vamos entrar em acordos deste tipo com muitos países. É um direito que passamos a ter", acentuou.
Para o representante de Teerão em Lisboa, o Irão não pretende fazer como alguns países da América do Norte "que vendem atualmente uma grande quantidade de armas" na região do Médio Oriente.
"Infelizmente, promovem uma corrida, uma corrida armamentista desnecessária na nossa região, que já está demasiado turbulenta e agitada. Tem demasiados problemas. Não queremos, nem tencionamos transformar a nossa região num espaço de corrida às armas. Na nossa região, apostamos na cooperação regional, que é preferível a uma corrida armamentista.", acrescentou.
Morteza Damanpak Jami disse ainda que Teerão aposta numa política de cooperação regional.
"Estamos prontos a trabalhar com os nossos vizinhos, para ter uma região livre de armas de destruição maciça, para ter mesmo uma região livre da atual relação de armas desnecessárias na região", afirmou.
Questionado sobre o resultado das eleições presidenciais de 03 de novembro nos Estados Unidos, o diplomata iraniano respondeu que "não espera grandes mudanças".
"Primeiro que tudo deixe-me dizer-lhe que após décadas de limitações, sanções e pressões políticas dos Estados Unidos, tanto o candidato republicano como o democrata subscreveram essa política. Portanto, para nós, não haverá uma grande diferença", disse.
"Desde a Revolução Islâmica que sofremos todo o tipo de limitações de administrações republicanas ou democratas", adiantou, referindo o que as administrações de Bill Clinton e de Barack Obama fizeram e que foi a imposição de sanções contra o Irão.
O diplomata iraniano salientou que Teerão espera que os EUA mudem o seu comportamento.
"O Irão sempre disse no passado e continua a dizer que, a partir do momento em que os EUA mudem de comportamento, abandonando um, digamos, comportamento arrogante e tratando o Irão de igual para igual, como fazem com outros países nessa base, o Irão passará a considerar os EUA como qualquer outro país no mundo", frisou.
Segundo uma nota divulgada no domingo pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, as autoridades defendem que o embargo de armas da ONU ao país expirou nesse dia, a data prevista ao abrigo do acordo internacional sobre o programa nuclear de Teerão e da resolução 2231 do Conselho de Segurança.
"A partir de hoje, todas as restrições às transferências de armas, atividades conexas e serviços financeiros de e para a República Islâmica do Irão [...] são automaticamente levantadas", pode ler-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros daquele país, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Nos termos do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irão, o embargo, que proíbe a venda de armas e equipamento militar pesado ao país, deveria expirar em 18 de outubro.
Na nota, o Governo iraniano considerou ainda que a República Islâmica "pode também exportar armas defensivas com base nas suas próprias políticas".
Moscovo confirmou em setembro a intenção de desenvolver a cooperação militar com Teerão quando o embargo for levantado, e a China também não faz segredo de pretender vender armas ao país após esta data.
O ministério iraniano considerou que a data prevista no acordo é "um dia memorável para a comunidade internacional", acrescentando que o mundo esteve ao lado de Teerão, "desafiando os esforços do regime dos Estados Unidos".
O acordo nuclear, assinado em 2015 entre o Irão e seis grandes potências -- EUA, China, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido - para limitar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de algumas das sanções internacionais, foi abandonado unilateralmente pelos Estados Unidos em 2018.
Em resposta à decisão norte-americana e ao fracasso dos outros signatários em se oporem a sanções unilaterais dos Estados Unidos, o Irão foi gradualmente deixando de cumprir o acordo, incluindo o limite que tinha ao enriquecimento de urânio.