O ministro da Defesa japonês, general Nakatani, disse numa conferência de imprensa que o Governo irá reservar 8,5 biliões de ienes (52,3 mil milhões de euros) para o orçamento da Defesa e 1,5 biliões de ienes (9,24 mil milhões de euros) para despesas relacionadas dentro do orçamento inicial para o atual ano fiscal, que começou este mês e se prolonga até março de 2026.
O anúncio surge cerca de um mês após Donald Trump, o Presidente dos Estados Unidos, o maior aliado do Japão, ter pressionado Tóquio para suportar uma maior fatia dos custos da sua segurança e da mobilização das forças militares norte-americanas.
No início de março, nos primeiros comentários sobre o pacto bilateral de segurança entre os Estados Unidos e o Japão desde que regressou à Casa Branca em janeiro, Trump disse aos jornalistas: "Adoro o Japão. Temos uma ótima relação com o Japão, temos um acordo interessante com o Japão em que temos de os proteger, mas eles não têm de nos proteger".
O Japão reviu a estratégia de Defesa a longo prazo no final de 2022 e estabeleceu uma meta de aumentar as despesas relacionadas com a defesa para 2% do PIB até ao ano fiscal de 2027.
Este representa o maior esforço de rearmamento do país asiático desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e inclui a aquisição de "capacidades de contra-ataque", como mísseis hipersónicos ou de longo alcance, permitindo-lhe atacar diretamente território inimigo em caso de ameaça direta à sua segurança.
Os números detalhados hoje por Nakatani mostram que os esforços do Japão para reforçar as capacidades de defesa "estão a avançar constantemente" em direção à meta de 2% do PIB, segundo o ministro.
O Japão optou por aumentar a despesa em resposta a desafios de segurança, como o reforço militar da China, os desenvolvimentos nucleares e de mísseis da Coreia do Norte e a invasão da Ucrânia pela Rússia, país com o qual Tóquio tem disputas territoriais.
Com uma Constituição que renuncia à guerra e limita as capacidades das forças armadas (oficialmente chamadas Forças de Autodefesa), o Japão há muito que limitava os gastos em Defesa, mantendo-os em cerca de 1% do PIB, ou cinco biliões de ienes (30,8 mil milhões de euros).
No início de março, também Elbridge Colby, nomeado por Trump para subsecretário da Defesa, instou o Japão a aumentar o orçamento militar para 3% do PIB.
Ao abrigo do pacto de segurança Japão-EUA, as forças militares norte-americanas estão estacionadas no Japão, sobretudo em Okinawa, que fica perto de Taiwan e das ilhas Senkaku no mar do Leste da China.
As ilhas Senkaku, administradas pelo Japão mas reivindicadas pela China, têm estado no centro das tensões entre Tóquio e Pequim.
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