Declaração sobre compra de vacina foi mal interpretada, diz Brasil

Ministério da Saúde brasileiro frisou hoje que uma declaração do ministro sobre a aquisição de doses da vacina em desenvolvimento pelo laboratório chinês Sinovac contra a covid-19 foi mal interpretada, reiterando que o Brasil não a deverá comprar.

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Lusa
21/10/2020 16:30 ‧ 21/10/2020 por Lusa

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Coronavírus

"Houve uma interpretação equivocada da fala do ministro da Saúde, em momento algum a vacina [Coronavac] foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depende também da câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Semed) e da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec)", disse Elcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde do Brasil.

"Não há intenção de compra de vacinas chinesas. A premissa para a aquisição de qualquer vacina prima pela segurança e eficácia, ambos conforme a aprovação da Anvisa, produção em escala e preço justo", acrescentou o técnico do Governo brasileiro.

A polémica acontece depois de o Governo do estado de São Paulo ter confirmado que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, aprovou a compra de 46 milhões de doses da Cornavac e que o imunizante seria distribuído pelo Governo central do país.

O acordo teria sido firmado na tarde de terça-feira durante uma reunião virtual com 24 governadores brasileiros. A expetativa era de que a Coronavac começasse a ser aplicada em janeiro do próximo.

Hoje, porém, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, usou as redes sociais para negar que o país iria comprar a Coroanvac, vacina em fase 3 de desenvolvimento do laboratório chinês Sinovac.

"O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que nem sequer ultrapassou a sua fase de testagem. Diante do exposto, a minha decisão é a de não adquirir a referida vacina", escreveu Bolsonaro na rede social Facebook.

O posicionamento do chefe de Estado foi referendado pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde.

"Não houve qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo ou o seu governador no sentido de aquisição de vacinas contra a covid-19. Tratou-se de um protocolo de intenção entre o Ministério da Saúde e o Instituo Butantan sem caráter vinculativo, por se tratar de um grande parceiro do Ministério da Saúde na produção de vacinas para o Programa Nacional de Imunização (PNI)", afirmou Elcio Franco.

O secretário frisou que o país tem feito esforços para imunizar a população ao aderir ao Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19 (Covax Facility), que reúne mais de 150 países e é liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e também comprou 100 milhões de doses da vacina que está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca.

Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, o contrato de encomenda da vacina da AstraZeneca e Oxford com insumos estrangeiros num primeiro momento para o escalonamento de 100,4 milhões de doses e transferência tecnológica para produção própria de insumos. O que possibilitará que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) produza mais 110 milhões de doses no segundo semestre de 2021.

A Coronavac é testada desde julho em São Paulo e noutros estados numa parceria da Sinovac com o Instituto Butantan, órgão ligado ao governo regional de São Paulo.

O governo 'paulista' já comprou 60 milhões de doses da Coronavac e sempre defendeu que a vacina fosse distribuída pelo Governo central no Sistema Único de Saúde (SUS).

Se a vacina chinesa comprovar a sua eficácia, será também fabricada no Brasil, pelo Instituto Butantan.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 154.837 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

 

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