Pandemia e economia no topo das preocupações da comunidade luso-americana

A menos de 10 dias da eleição que vai decidir o futuro dos Estados Unidos, a comunidade luso-americana do vale central da Califórnia destaca a pandemia e a economia como duas das maiores preocupações.

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Lusa
26/10/2020 08:07 ‧ 26/10/2020 por Lusa

Mundo

EUA/Eleições

"A prioridade neste momento é pôr as coisas a mexer outra vez, a economia a funcionar", disse à Lusa Rosie Nunes.

"Estamos a ver muitos restaurantes e pequenos negócios a encerrarem por causa do vírus. Tenho cinco filhos que estão todos em casa a ter aulas via Zoom e é horrível para o seu estado mental", explicou.

A luso-americana, que tem uma operação agrícola com o marido, não acredita que seja necessário impor medidas restritivas em relação à covid-19.

"Sim, há um vírus, mas a pandemia não é real", afirmou. "Não há nenhuma pandemia, isto é tudo por causa das eleições, tudo para estragar a economia do Presidente Trump, que era a melhor da história do país", disse.

"Isto é um último esforço dos democratas para o fazerem parecer mal para as pessoas votarem neles", adiantou.

Rosie Nunes detalhou que os seus negócios estão a sofrer por causa da situação. "Não está a correr bem, tem sido difícil. Vendemos sobretudo a produtores de leite e estes sofreram o impacto da covid", salientou.

O vale de São Joaquim tem uma grande comunidade de origem portuguesa, maioritariamente proveniente dos Açores e ligada à agricultura. Só na cidade de Tulare, a comunidade lusa representa mais de 8% da população.

"Em termos de covid, penso que estamos a proteger demasiado, por exemplo, os filhos não podem visitar os pais nos lares, o que para mim é muito cruel", afirmou Manuel Correia. "Nós portugueses adoramos estar com outras pessoas e somos os piores a fazer distanciamento social", reconheceu.

O lusodescendente considerou que "as pessoas que têm problemas de saúde subjacente devem ter cuidado", mas os outros devem voltar ao normal, de forma a pôr a economia a funcionar outra vez.

Dennis Mederos, advogado, agricultor e vice-'mayor' da cidade de Tulare, aborda a questão por outra perspetiva.

"No condado de Tulare estamos com problemas. Os condados à nossa volta conseguiram limitar as infeções e estão a entrar numa categoria mais estável que permite a reabertura de mais negócios", disse à Lusa.

"Mas Tulare não consegue", lamentou.

Mederos considerou "frustrante" o que está a acontecer no condado, cuja taxa de novos casos de covid-19 por cada 100 mil habitantes continua demasiado elevada. "Muitas vezes é o ponto de vista político em relação ao problema que perpetua as circunstâncias", analisou.

A influência que a crise sanitária tem nas campanhas é incontornável, mas Mederos sublinhou que "a eleição não vai mudar a pandemia, apenas a gestão da pandemia".

O lusodescendente considerou que haverá uma forma diferente de gerir a situação se Joe Biden vencer e houver uma mudança de administração.

"Se não houver, parece que a atitude é deixar que siga o seu caminho até se atingir imunidade de grupo", afirmou.

"Muitos cidadãos americanos não estão conscientes de que estamos numa condição tal que muitos países não nos deixam passar nas fronteiras", salientou. "É assim que nos veem. Olham para nós como não estando a gerir bem esta situação. Isto não é uma opinião, é um facto", vincou.

Nem todos olham para a questão dessa forma, preferindo enfatizar a destreza do Presidente Donald Trump em matéria económica.

"O que ele fez pela economia foi ótimo. Sabemos que ele é um homem de negócios, não um político, e está a gerir a administração desse ponto de vista", afirmou Margaret DoCanto. "Houve ganho de empregos, as empresas voltaram para os Estados Unidos. A covid prejudicou toda a gente, mas se ele continuasse o caminho em que nós estávamos em termos de economia, estávamos bem", considerou.

Para Rosemary Serpa-Caso, que destacou a necessidade de resolver o problema dos sem-abrigo, ter melhor acesso a saúde mental e reformar o sistema de imigração, a economia tem de ser enquadrada no bem-estar das pessoas.

"A economia é importante em especial por causa das famílias afetadas pela covid", disse, considerando que é preciso trabalhar também em questões como igualdade salarial e de oportunidades de emprego.

A eleição de 3 de novembro irá decidir o próximo Presidente dos Estados Unidos, entre o incumbente Donald Trump e o democrata Joe Biden, assim como o controlo da Câmara dos Representantes e do Senado.

No vale central da Califórnia há três candidatos luso-americanos a assentos na Câmara dos Representantes: Jim Costa pelo 16.º distrito, David Valadão pelo 21.º e Devin Nunes pelo 22.º.

 

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