O cartoon, que foi hoje divulgado na Internet, mostra o Presidente Erdogan sentado num sofá, de t-shirt e de roupa interior, com uma bebida de lata numa mão. Com a outra mão, o líder turco está a levantar a saia de uma mulher com véu, que não usa roupa interior.
"Erdogan - No privado, ele é muito divertido" foi o título escolhido para a capa.
A publicação deste cartoon surge num momento de alta tensão entre o Presidente francês, Emmanuel Mácron, e o seu homólogo turco.
Erdogan questionou recentemente a "saúde mental" de Macron devido à atitude deste em relação aos muçulmanos, declarações que levaram a França a chamar a Paris o seu embaixador na Turquia "para consultas".
Antes, Erdogan já tinha considerado uma provocação as declarações de Macron sobre o "separatismo islamita" e a necessidade de "estruturar o islão" em França.
"Condenamos veementemente a publicação relativa ao nosso Presidente na revista francesa, que não respeita a fé, o sagrado e os valores", escreveu o porta-voz de Erdogan, Ibrahim Kalin, no Twitter.
"O objetivo destas publicações, que são desprovidas de moralidade e decência, é semear sementes de ódio e animosidade. Transformar a liberdade de expressão em hostilidade para com a religião e a crença só pode ser o produto de uma mentalidade doentia", acrescentou.
Também vice-presidente turco, Fuat Oktay, utilizou as redes sociais para criticar o cartoon: "condeno a publicação imoral deste incorrigível pano francês sobre o nosso presidente".
"Apelo à comunidade internacional moral e conscienciosa para que se pronuncie contra esta vergonha", escreveu.
Entretanto, na segunda-feira, Recep Tayyip Erdogan fez um apelo aos cidadãos turcos para que não comprem produtos franceses, como retaliação pelas medidas tomadas em França contra grupos islâmicos.
Este contencioso vem juntar-se a uma longa lista de disputas entre Macron e o seu homólogo turco, que incluem desde as tensões no leste do Mediterrâneo ao conflito na Líbia, passando pelos confrontos no enclave de Nagorno-Karabakh.
Em 2006, o Charlie Hebdo reproduziu cartoons sobre o profeta Maomé -- como outros jornais europeus -- para defender a liberdade de imprensa após a publicação desses mesmos desenhos por um diário dinamarquês, algo que provocou na altura a cólera de muitos muçulmanos.
O título satírico francês foi alvo em 2015 de um atentado 'jihadista' que fez 12 mortos, entre os quais estavam jornalistas e caricaturistas do jornal.