Antes dos treinos 'Juicy' Duncan, que já venceu cinco vezes o título "Golden Glove" ("Luva de Ouro"), competição regional de boxe dos Estados do Kentucky, Indiana, West Virginia e Ohio, começa os dias a fazer campanha pelo Partido Democrata, em Louisville.
Como voluntário junta-se às filas de outros ativistas do Estado do Kentucky a quem lhes é fornecido um telemóvel com uma aplicação que indica as moradas dos eleitores registados no Partido Democrata de uma determinada zona.
O trabalho político é bater à porta de cerca de 200 casas por dia e garantir a "promessa" de que os eleitores democratas - que ainda não votaram -- "vão mesmo" dirigir-se às assembleias de voto nos próximos dias.
"Este é o primeiro 'round' para 'bater' Donald Trump", diz 'Juicy' Duncan antes de começar a percorrer o subúrbio de classe média de Middletowon, arredores de Louisville, habitado maioritariamente por brancos, mas onde vivem também muitos afro-americanos.
Depois de garantir o voto do eleitor que abre a porta, o pugilista marca no telemóvel a intenção de voto e envia a informação para uma central de dados que serve para efetuar "mais uma sondagem" sobre as presidenciais da próxima terça-feira.
Cada vez que consegue uma resposta afirmativa 'Juicy' Duncan cerra o punho em gesto de vitória e segue para outra casa com aquela estranha forma de andar dos pugilistas que mexem os ombros e a cabeça lentamente de cada vez que põem um pé no chão.
O Kentucky é o Estado de Mitch McConnell, o senador mais antigo dos Estados Unidos, em funções, sendo que Donald Trump tem uma vantagem de quase 30% sobre Joe Biden a nível estadual, para as presidenciais de 03 de novembro.
"Aqui em Louisville, Estado do Kentucky, vivemos dias complicados depois da morte de Breonna Taylor, abatida pela polícia e o 'pessoal negro' está descontente", explica 'Juicy' Duncan.
O segundo 'round' de acordo com o campeão de boxe é "não esquecer" a questão do racismo e a "violência" contra a comunidade afro-americana que representa cerca de 30% da população da cidade de Louisville.
O pugilista de 18 anos prepara-se para vencer o título nacional de boxe na categoria de super-médios no campeonato que vai decorrer no Estado de Louisianna (USA National Championship), no sul do país, entre os próximos dias 05 e 12 de dezembro.
Entretanto, o combate é político e o último 'round' trava-se na próxima terça-feira, "a nível nacional".
"Na política combate-se de outra forma, mas como no boxe não há meio termo e (Donald) Trump tem de perder. Bastavam-me três 'rounds'", ironiza o atleta sem explicar a tática e virando as costas para seguir para outra casa como se estivesse a entrar num ringue.
Faltam-lhe ainda centenas de combates, "casa a casa", em Louisville, até ao fim do dia de terça-feira, de telemóvel na mão.