Cellou Dalein Diallo, que obteve 33,5% dos votos nas eleições de 18 de outubro, segundo os resultados provisórios anunciados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (Ceni), contra 59,5% do Presidente em funções, Alpha Condé, diz ter "provas irrefutáveis" que o escrutínio foi manchado por "irregularidades", aponta a AFP, que cita o seu advogado, Amadou Diallo.
Para o opositor, as provas, que não foram expostas à imprensa, deverão permitir ao Tribunal Constitucional "a anulação da votação na região de Kankan", um bastião de Condé no leste do país e a "proclamação da vitória na primeira volta" por Cellou Dalein Diallo.
Diallo declarou a sua vitória em 19 de outubro, um dia depois das eleições e antes do anúncio provisório dos resultados pela Ceni, defendendo que tinha conquistado 52% dos votos.
Segundo uma fonte do Tribunal Constitucional guineense, também citada pela AFP, Ousmane Kaba (1,19% dos votos), Ibrahima Abé Sylla (1,55%) e Makalé Traoré (2,72%) foram os três outros candidatos, entre os 12 que participaram nas eleições, que apresentaram recurso junto do mais alto tribunal da Guiné-Conacri.
União Europeia, França e Estados Unidos da América questionaram a credibilidade do resultado anunciado pelo Ceni.
Entretanto, Diallo considera improvável que o Tribunal Constitucional invalide a votação.
Na passada sexta-feira, vários candidatos da oposição apelaram para o reinício das manifestações anti-Condé esta terça-feira, com Diallo a considera que estas pretendem "denunciar o bloqueio eleitoral" e "exigir o reconhecimento" da sua "vitória".
De acordo com o Governo, a violência pós-eleitoral provocou 21 mortes, incluindo membros das forças de segurança.
Por outro lado, a oposição denuncia uma "repressão sangrenta" que resultou em "mais de 30" mortes, segundo Diallo.
O Presidente do país, Alpha Condé, de 82 anos, primeiro chefe de Estado eleito democraticamente em 2010 após décadas de regimes autoritários na Guiné-Conacri, foi reeleito em 2015 para um segundo mandato e, de acordo com o organismo eleitoral do país, conquistou agora um controverso terceiro mandato.
Durante um referendo em março, muito contestado, fez aprovar uma nova Constituição e de seguida considerou, com os seus apoiantes, que o novo texto lhe permite voltar a concorrer ao escrutínio.
Os seus adversários denunciaram um "golpe de Estado constitucional". Segundo a oposição, pelo menos 90 pessoas morreram no último ano devido a incidentes durante manifestações contra uma nova candidatura de Condé.