Presidenciais na República Centro-Africana com 22 candidatos inscritos

Vinte e dois candidatos às eleições presidenciais previstas para dezembro na República Centro-Africana (RCA) apresentaram as suas candidaturas, anunciou hoje a Agência Nacional de Eleições (ANE), que encerrou o período de apresentação de candidaturas.

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Lusa
11/11/2020 14:16 ‧ 11/11/2020 por Lusa

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Eleições

As eleições, previstas para 27 de dezembro, terão lugar num país devastado pela guerra civil desde que uma coligação de rebeldes dominada pelos muçulmanos, Seleka, derrubou o regime de François Bozizé em 2013, e em que dois terços do território está ocupado por grupos armados.

Desde então, o país vive em estado constante de violência intercomunitária, entre as forças da Seleka e as milícias anti-Balaka, na sua maioria cristãs e animistas, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.

Entre os candidatos inscritos constam o atual chefe de estado, Faustin Archange Touadéra, eleito em 2016 e em busca de um segundo mandato, e o seu principal adversário, François Bozizé, que regressou à República Centro-Africana em dezembro de 2019, após sete anos no exílio.

O antigo chefe de Estado continua sob sanções aplicadas pela ONU devido ao seu papel no conflito, incluindo pelo seu apoio às milícias cristãs anti-Balaka.

Outras figuras importantes da vida política do país, como Anicet-Georges Dologuélé e Martin Ziguélé, ambos antigos primeiro-ministros e pesos pesados da política centro-africana, Karim Meckassoua, Nicolas Tiangaye, e Catherine Samba Panza, presidente da RCA durante o período de transição entre 2014 e 2016, também apresentaram as suas candidaturas.

Os 22 candidatos incluem ainda herdeiros de antigos chefes de estado, nomeadamente Jean-Serge Bokassa, filho do ditador Jean-Bedel Bokassa (que governou o país entre 1966 e 1979), Désiré Kolingba, filho do ex-presidente André Kolingba, e Sylvain Patassé, filho do sucessor deste último, Ange-Félix Patassé.

Independentemente do resultado, as eleições de dezembro não oferecem uma grande renovação da classe política. Todos os principais candidatos assumiram responsabilidades importantes em vários governos anteriores que se sucederam num país minado pela corrupção e nepotismo até à guerra civil de 2013. Touadéra é o favorito à vitória, em face de uma oposição dividida.

O Governo centro-africano controla um quinto do território, sendo o resto dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, em fevereiro de 2019 por Governo e por 14 grupos armados, e um mês mais tarde as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

Esta terça-feira, representantes de grupos armados e comunidades do nordeste do país - uma região negligenciada pelo governo central, que foi o foco da rebelião das Seleka e onde ocorreram violentos confrontos entre milícias rivais entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020 - assinaram um pacto de reconciliação sob a égide do Governo da RCA e do Presidente da República.

Os grupos armados representam uma ameaça à segurança dos eleitores e dos candidatos, apesar da presença de 12.000 elementos das forças de manutenção da paz da ONU no país desde 2014.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017. A 7.ª Força Nacional Destacada, constituída por 180 militares, encontra-se no país e integra a missão da ONU, a Minusca.

 

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