A polícia impediu a entrada no tribunal de Bloemfontein, centro do país, de centenas de apoiantes de Ace Magashule, incluindo dirigentes dos antigos combatentes e de outras fações de ativistas do partido no poder, que protestavam contra a detenção alto quadro político do ANC por alegada corrupção.
Todavia, vários altos quadros do partido encontram-se dentro do edifício do tribunal sul-africano em antecipação ao início dos procedimentos da audiência.
O comparecimento hoje perante a Justiça do líder do partido no poder na África do Sul é uma audiência de fiança para liberdade condicional num caso de alegada corrupção de mais de 250 milhões de rands (13,5 milhões de euros), que envolve oito acusados, na província do Estado Livre, onde Ace Magashule exerceu o cargo de governador do partido no poder até à sua nomeação para secretário-geral do partido.
A investigação refere-se ao seu alegado papel na atribuição em 2014 de um contrato de auditoria de amianto naquela província do centro do país.
Os membros da Associação dos Antigos Combatentes Umkhonto we Sizwe (MKMVA, sigla em inglês), o antigo braço armado do ANC, que se tem manifestado publicamente contra a liderança do Presidente Cyril Ramaphosa e a presença de imigrantes no país, na sua maioria africanos, encontram-se fardados com equipamento militar em apoio a Magashule.
Entre os simpatizantes do ANC, oriundos de várias províncias do país, nas ruas da capital do Estado Livre, que tem sido palco de tensões raciais e escândalos de alta corrupção no governo provincial do partido no poder, havia críticas ao desempenho da organização na gestão dos destinos do país enquanto outros empunhavam cartazes dizendo: "Numa revolução há sempre que suportar sofrimento pessoal" e "Inocente até ser julgado".
Antigos cânticos de "libertação" contra o colonialismo e racismo acompanham ainda manifestações ‘trajadas’ em verde, amarelo e preto de "nostalgia do passado”, quando o antigo movimento de libertação africano tinha uma ala armada.
O ANC assegurou, na quarta-feira, a continuidade de Magashule no cargo de secretário-geral, questão que, segundo a vice-secretária-geral, Jessie Duarte, e o tesoureiro do partido, Paul Mashatile, não foi discutida numa reunião de emergência da direção do partido.
Jessie Duarte assegurou que o secretário-geral "vai cooperar" com a Justiça sul-africana, apesar das graves acusações de desvio de dinheiros do Estado contra Magashule e as repetidas promessas do ANC em combater a alta corrupção por dirigentes do partido no poder desde 1994.
"Não estou nem um pouco preocupado, porque sei que não fiz nada de errado", disse Ace Magashule à imprensa, na terça-feira, quando recebeu a ordem de detenção, no âmbito de uma investigação sobre o controverso concurso de obras públicas no valor de mais de 250 milhões de rands (13,5 milhões de euros).
A corrupção generalizada e sem precedentes na África do Sul sob a governação do ANC, levou o Presidente Cyril Ramaphosa, que preside também ao partido, a escrever uma carta pública aos membros da formação política no final de agosto, na qual admitia que "o ANC não é o único culpado desse mal, mas é o acusado número um".