Primeiro-ministro arménio rejeita demitir-se após uma semana de protestos

O primeiro-ministro arménio rejeitou hoje demitir-se e pediu aos opositores que renunciem à violência após uma semana de protestos contra o acordo que pôs fim à guerra em Nagorno-Karabakh, considerado humilhante para o país.

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Lusa
16/11/2020 11:40 ‧ 16/11/2020 por Lusa

Mundo

Nagorno-Karabakh

 

"Na minha agenda só há um tema: garantir a estabilidade no meu país. Não há qualquer outro assunto", disse Nikol Pachinian durante uma videoconferência de imprensa, na qual foi questionado sobre a possibilidade de renunciar ao cargo, como exige a oposição nas ruas de Erevan.

O governante voltou no entanto a reconhecer a sua responsabilidade na derrota em Nagorno-Karabakh.

"Entendo que devo enfrentar o julgamento do meu povo. Mas neste caso o povo deve conhecer todas as circunstâncias, deve dialogar com os militares, com a oposição, com o Governo, disse.

Na sua página do Facebook, Pachinian apelou à oposição para renunciar à violência.

"A violência ou os apelos à violência, em particular a violência armada, não podem em caso algum ser um meio de ação", escreveu o primeiro-ministro, que chegou ao poder na sequência de uma revolução pacífica em 2018.

"Aguardo que a oposição declare claramente que exclui todas as ações violentas, disse.

Após seis semanas de combates mortíferos no Nagorno-Karabakh, enclave separatista de maioria arménia em território do Azerbaijão, foi firmado há uma semana um "cessar-fogo total" entre Baku e Erevan sob a égide da Rússia.

O primeiro-ministro arménio disse, no Facebook, que a assinatura do acordo foi "incrivelmente dolorosa", mas que a decisão se mostrou necessária "depois de uma análise aprofundada da situação militar", aludindo aos avanços do Azerbaijão.

Desde o anúncio do acordo, considerado humilhante para a Arménia, a oposição apela à demissão de Pachinian, visto como um traidor.

No sábado, as autoridades denunciaram uma conspiração para assassinar o primeiro-ministro e anunciaram a detenção de um dirigente da oposição, Artour Vanetsian, antigo dirigente dos serviços de segudança.

Vanetsian, dirigente do partido da oposição "Pátria" (centro-direita), foi libertado no domingo por um tribunal de Erevan que considerou que a detenção não tinha base jurídica válida.

A região de Nagorno-Karabakh situa-se dentro dos limites do território do Azerbaijão, mas está sob controlo de forças locais etnicamente arménias, apoiadas pela Arménia desde 1994.

A última série de combates começou no dia 27 de setembro e provocou centenas de mortos.

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