"Estamos muito preocupados com relatos do Irão de que Mohsen Fakhrizadeh foi morto num ataque", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, à agência de notícias AFP.
"Instamos todas as partes a abandonarem qualquer passo que possa levar a uma nova escalada da situação", da qual "absolutamente não precisamos no momento", acrescentou o porta-voz.
"Poucas semanas antes da posse do novo Governo dos Estados Unidos, é uma questão de manter a margem de diálogo existente com o Irão para poder resolver o conflito sobre o programa nuclear iraniano por meio de negociações", sublinhou o porta-voz do Ministério.
As autoridades iranianas acusaram Israel de ser o responsável pelo assassínio, ocorrido menos de dois meses antes de o democrata Joe Biden tomar posse como Presidente dos Estados Unidos.
Biden disse que pretendia retomar o diálogo após o mandato de Donald Trump, que decidiu em 2018 retirar os Estados Unidos do acordo sobre o programa nuclear iraniano, assinado três anos antes em Viena.
Washington considerou o acordo insuficiente, ao contrário dos demais estados envolvidos no pacto com o Irão (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia).
O Presidente iraniano, Hassan Rohani, acusou hoje Israel de agir como "mercenário" para os Estados Unidos, ao assassinar um cientista no programa nuclear iraniano e, o líder supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei, disse que é preciso encontrar e punir os responsáveis pelo ataque.
Na sexta-feira, o chefe do Estado-Maior iraniano, general Mohammad Bagheri, alertou para "uma terrível vingança", que, disse, se abaterá sobre os responsáveis pelo assassínio do cientista iraniano especializado no setor nuclear.
Em comunicado, o Ministério da Defesa do Irão identificou o alvo do ataque de sexta-feira como sendo Mohsen Fakhrizadeh, chefe do departamento de investigação e inovação daquele ministério.
Mohsen Fakhrizadeh ficou "gravemente ferido" quando o seu carro foi alvejado por vários atacantes, que, por sua vez, foram atacados pela equipa de segurança do cientista, pode ler-se no comunicado, em que acrescenta que a equipa médica não o conseguiu reanimar.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos indicou, em 2008, que o cientista estava a realizar "atividades e transações que contribuíam para o desenvolvimento do programa nuclear do Irão.
Fakhrizadeh tinha sido descrito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como o pai do programa de armas nucleares do Irão.
Mohsen Fakhrizadeh liderou o chamado programa "Amad", ou "Esperança", do Irão. Israel e o Ocidente alegaram que essa operação militar tinha como objetivo saber a viabilidade de construção de armas nucleares no Irão, mas Teerão alegou sempre que o seu programa nuclear é pacífico.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) referiu que o programa "Amad" terminou no início dos anos 2000 e os seus inspetores monitorizam agora as instalações iranianas como parte do acordo nuclear do Irão com os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU -- Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França -- e a Alemanha.