Uma empresa que pertence a uma holding internacional americana está a ser investigada pela Guardia Civil espanhola, em estreita colaboração com a Guarda Nacional Republicana (GNR), devido a uma alegada má gestão de resíduos sanitários da Covid-19 gerados em unidades de saúde. A 'Operação Ribio' centrou-se nas sedes da multinacional na Catalunha, Comunidade Valenciana, Baleares, Madrid e em Portugal, tendo levado à detenção de 20 pessoas.
Segundo um comunicado publicado no site oficial da Guardia Civil, a empresa investigada, que opera em ambos os países, "reduzia custos com embalagem, manuseio e equipamentos de proteção", com o consequente aumento do "risco de disseminação do vírus". A ação, levada a cabo pelo Serviço de Proteção da Natureza (SEPRONA) descobriu ainda que os "resíduos infecciosos eram armazenados na rua e sem estarem numa embalagem adequada, usando um outro tipo mais económico".
Ainda de acordo com as autoridades espanholas, "este modus operandi permitia aumentar os lucros obtidos", tendo arrecadado cerca de um milhão de euros com a 'poupança' nos custos. Além das más práticas já descritas, a maioria dos trabalhadores "só possuía luvas como equipamento de proteção individual".
A poupança nas embalagens fazia com que "grande parte", ao conter substâncias líquidas, "se deteriorasse", fazendo com que o conteúdo "acabasse espalhado pela via pública". Além do mais, "a empresa investigada assumiu um volume e um tipo de resíduos bem acima" da capacidade que detinha - assumindo lidar com três toneladas em poucos meses.
Isto terá levado, ainda de acordo com a nota da Guardia Civil, "a possíveis tratamentos incorretos, que não conseguiram neutralizar a carga viral e o risco de infeção", possibilitando também a "atuações negligentes que podiam ter gerado situações de contágio".
A multinacional subcontratou outras empresas "que não estavam habilitadas para este tipo de resíduos", nas quais os trabalhadores não possuíam nem qualificação nem protocolos de atuação para lidar com estes, descreve a autoridade espanhola.
Os responsáveis da empresa estão indiciados por crimes relacionados com a gestão irregular de resíduos, bem como delitos contra os direitos dos trabalhadores e a saúde pública. Podem incorrer em penas de prisão de dois a cinco anos.
O Notícias ao Minuto já enviou um pedido de informação à Guarda Nacional Republicana e espera uma resposta por parte da autoridade.