Covid-19. Black Lives Matter. Joe Biden. Este foi um ano de distâncias: das que se viram tragicamente encurtadas por uma pandemia aversa a geografia, idade ou classe; e das que se viram alargadas pelas tensões sociais, ora decorrentes da cor de pele, ora da cor política. O ano que todos querem esquecer, de reorganização de vidas e realidades, está quase no fim, mas nada do que dele brotou está ainda terminado.
Para uma retrospectiva simplificada do ano que agora finda, a nível internacional, o Notícias ao Minuto optou por se guiar pelas preferências do leitor, colocando as notícias mais lidas na galeria, por mês. Abaixo, deixamos um resumo dos assuntos mais procurados.
Os incêndios na Austrália
Já parece demasiado distante (e até premonitório), mas o ano no hemisfério sul começou, literalmente, a arder. Os incêndios florestais que assolaram a Austrália geraram imagens dramáticas de milhões de hectares de floresta destruídos e de milhares de animais mortos. A WWF considerou-os como o "pior desastre para a vida selvagem da história moderna". Significou, também, um sinal definitivo da urgência em trabalhar políticas para o clima.
Tensões entre Irão e EUA
No mesmo mês de janeiro, o assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, na sequência de um ataque ordenado por Donald Trump, resultou num contra-ataque do Irão a uma base dos Estados Unidos no Iraque, o início da prometida retaliação iraniana. A escalada de tensões levou a Câmara dos Representantes norte-americana a aprovar um decreto de lei que restringia o uso de poder militar por parte do Presidente, Donald Trump, contra o Irão, sem antes ser aprovado. Mais tarde, a meio do mês, a Guarda Revolucionária Iraniana admitiu que abateu, por engano, um avião da Ukraine International Airlines. Morreram mais de 170 pessoas.
A atenção mundial a Wuhan
Os primeiros casos do novo coronavírus, na altura ainda não identificado, surgiram em Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Entre janeiro e fevereiro, o mundo foi assistindo com curiosidade, proliferando as notícias sobre tentativas de encobrimento da gravidade da propagação do vírus e também as notícias falsas, motivadas pelo medo do desconhecido. A 30 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou uma situação de emergência de saúde pública internacional relativamente ao novo coronavírus. Alguns líderes mundiais começaram por menorizar a doença - notavelmente, Jair Bolsonaro, no Brasil, e Donald Trump, nos Estados Unidos, os dois países mais afetados do mundo. Outros, como Itália ou Espanha, completamente despreparados para algo do género - assim como a maior parte dos países europeus - ficaram a braços com verdadeiras situações de calamidade.
A 8 de abril era vacinado o primeiro voluntário sujeito à experimentação da vacina para a Covid-19. Foi uma das notíciasmais bem recebidas a nível global, numa altura em que se começava a falar de reinfeção.
O caso George Floyd
Foi em maio que morreu George Floyd. O afro-americano foi vítima do excesso de violência policial nos Estados Unidos, depois de um polícia ter mantido um joelho no seu pescoço durante vários minutos, enquanto a vítima gritava que não conseguia respirar. As imagens, captadas por testemunhas, acordaram um ‘gigante adormecido’: a profunda divisão social que existe no país, alimentada por um fosso económico e perpetuada pelo racismo. A morte de George Floyd acabou por gerar reações em todo o mundo e o Black Lives Matter, o movimento que contesta o recurso à força excessiva por parte da polícia norte-americana, ganhou maior dimensão mundial. Pessoas manifestaram-se em todo o mundo – incluindo Portugal.
A transmissão do vírus pelo ar
Agora parece conhecimento adquirido, mas foi apenas em julho que centenas de cientistas pediram à Organização Mundial de Saúde (OMS) que revisse as recomendações referentes ao novo coronavírus, baseado em indícios de que a Covid-19 também se transmite pelo ar. Este facto viria a provar-se particularmente relevante, uma vez que o confinamento, o teletrabalho e o encerramento de escolas que os vários países adotaram causou um decréscimo nos casos entre julho e agosto. Porém, no final de agosto e início de setembro, com o regresso às escolas e aos trabalhos, a temida segunda vaga tornou-se uma realidade. Depois de algumas incertezas e dos apelos de especialistas, o regulador de Saúde dos Estados Unidos confirmou em outubro um dos aspetos mais importantes do novo coronavírus: pode existir contágio em espaços fechados com pouca ventilação, mesmo depois de a pessoa infetada sair.
As vacinas: da Rússia e de Oxford
Foi também em agosto, com testes de vacinas como a da Astrazeneca/Oxford e da Pfizer e da BioNTech ainda a decorrerem, que a Rússia anunciou que tinha aprovado a primeira vacina a nível mundial contra a Covid-19. A vacina da Johnson & Johnson mostrou resultados animadores no final de setembro, com resultados preliminares a indicarem que 98% dos participantes tinham produzido anticorpos 29 dias após a vacinação.
O professor assassinado em França
Ao longo deste ano, a França voltou a ser palco de violência extremista. O caso mais mediático foi o professor Samuel Paty, violentamente assassinado a 16 de outubro por ter mostrado aos alunos caricaturas na sala de aula. No mesmo mês morreram três pessoas num ataque em Nice. Em setembro foi noticiado um ataque junto à antiga sede do Charlie Hebdo.
O 46.º presidente dos Estados Unidos
Era uma das eleições mais aguardadas dos últimos quatro anos, fruto das divisões sociais e da tensão racial que eclodiu em várias cidades americanas, sobretudo após a morte de George Floyd. Apesar de todos os obstáculos colocados pela agora administração cessante, Joe Biden e Kamala Harris foram os vencedores das eleições presidenciais, em novembro, um facto recebido com regozijo um pouco por todo o mundo.
'Luz verde' à vacina na UE e nova estirpe no Reino Unido
Boris Johnson anunciou a 19 de dezembro um recuo no alívio (muito criticado) das restrições para o Natal devido ao aumento de casos e ao registo de uma nova estirpe do novo coronavírus. A nova variante é mais contagiante, foi identificada em vários países e trouxe muitos dissabores ao país. Dois dias depois, a União Europeia deu 'luz verde' à vacina da Pfizer e da BioNTech, horas após a Agência Europeia do Medicamento ter dado o seu aval à utilização desta vacina para a Covid-19. Por um acaso, a empresa BioNTech, responsável com a Pfizer pela primeira vacina autorizada contra a Covid-19 do mundo, financiada com fundos europeus, diz que é capaz de fornecer uma outra "em seis semanas" em caso de mutação do vírus, como aconteceu no Reino Unido. Quem criou a BioNTech? Um casal de imigrantes.
Confira aqui uma seleção das 12 notícias mais lidas, por mês:
- Caiu avião em Teerão com 170 pessoas a bordo. Não há sobreviventes
- Jornalista chinês desaparecido após expor gravidade do novo coronavírus
- Espanha: Militares encontram cadáveres "abandonados" em vários lares
- Já foi testada a primeira cobaia humana com a vacina para a Covid-19
- Revelado resultado preliminar de autópsia a Floyd. Asfixia excluída
- Casal chama a polícia ao ver negro a pintar muro. A casa era dele
- Centenas de cientistas defendem que Covid também se transmite pelo ar
- Trump retirado de conferência de imprensa após tiroteio na Casa Branca
- Vacina da Johnson & Johnson com resposta imune em 98% dos voluntários
- Marido de Isabel dos Santos morreu no mar no Dubai
- O casal filho de imigrantes que está por trás da vacina da Pfizer
- Natal cancelado em Londres devido estirpe "70% mais contagiosa" do vírus