"Bolsonaro, fora!", gritaram em fúria muitos brasileiros das janelas em diferentes bairros do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, que não se manifestavam desta forma desde meados do ano passado, quando o país atravessou o pico da primeira vaga de covid-19.
O Estado do Amazonas (norte), que conheceu em abril e maio enterros coletivos e o colapso do sistema de saúde, vive há semanas uma nova vaga da epidemia, que saturou os hospitais e esgotou as reservas de oxigénio.
O Brasil ficou profundamente chocado com as imagens que circulam nas redes sociais, mostrando famílias de doentes a levar bombas de oxigénio para o hospital, relatos de médicos a terem de ventilar manualmente os pacientes e mortes por asfixia, enquanto o governo local instituiu o recolher obrigatório por 10 dias para tentar conter a pandemia.
Na sexta-feira, dezenas de pessoas faziam fila em frente a um posto de distribuição, na esperança de conseguir adquirir garrafas de oxigénio para os familiares hospitalizados.
A região foi identificada como origem de uma variante do vírus que, segundo os cientistas, poderá ser mais contagiosa.
O diretor para as questões de emergência sanitária da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, advertiu na sexta-feira que, a continuar assim, irá verificar-se "uma vaga ainda mais forte do que a vaga catastrófica de abril-maio" no Amazonas, em particular na capital, Manaus.
A pandemia de covid-19 provocou mais de dois milhões de mortos, resultantes de mais de 93 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.543 pessoas, em 528.469 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.