"O Alto Representante tem uma deslocação prevista a Moscovo nas próximas semanas, e recebeu as mensagens, da parte dos Estados-membros, que intervieram no sentido de esta questão ser objeto de discussão com as autoridades russas", referiu Augusto Santos Silva aos jornalistas após uma reunião com o conjunto dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.
Aquando da deslocação, Josep Borrell recolherá "informação indispensável", segundo Santos Silva, para que os Estados-membros possam "discutir próximos passos".
O chefe da diplomacia portuguesa frisou, no entanto, que "a detenção de Alexei Navalny e, depois, a repressão e a detenção de mais de 3.000 pessoas que se manifestavam pacificamente em diferentes cidades russas por partes das autoridades russas" foi objeto de discussão entre os chefes de diplomacia europeus e destacou que "o consenso sobre esta matéria é absoluto".
"Não houve ninguém, naturalmente, que no Conselho da UE defendesse que manifestações pacíficas devessem ser reprimidas ou que pessoas que realizam atividades de oposição aos governos constituídos - quaisquer que sejam essas pessoas e quaisquer que sejam esses governos - devessem ser detidas por o fazerem", referiu o ministro.
Nesse âmbito, Santos Silva sublinhou que os chefes de diplomacia europeus reiteraram a "condenação [sobre a detenção de Navalny] que o Alto Representante já havia feito e vários Estados-membros, entre os quais Portugal, haviam também já feito do ponto de vista nacional".
Na sexta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, já tinha apelado, num telefonema com o Presidente russo, Vladimir Putin, à "rápida libertação" do opositor político Alexey Navalny, detido em Moscovo a 17 de janeiro.
Segundo um comunicado do Conselho, no telefonema com Putin, Charles Michel declarou que a União Europeia (UE) "está unida no seu apelo à Rússia para que liberte rapidamente" Alexei Navalny.
Os serviços prisionais russos (FSIN) detiveram em 17 de janeiro o opositor Alexei Navalny à chegada a Moscovo, acusando-o de ter violado os termos de uma pena de prisão suspensa a que foi condenado em 2014.
O líder da oposição regressou à Rússia depois de quase cinco meses de tratamento médico na Alemanha, após ter sido envenenado com uma substância tóxica de uso militar, ato que, segundo o ativista, foi ordenado pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
Laboratórios na Alemanha, França e Suécia, assim como a Organização para a Proibição de Armas Químicas demonstraram que esteve exposto a um agente neurotóxico, do tipo Novichok, da era soviética.
As autoridades russas têm rejeitado todas as acusações de envolvimento no envenenamento.
TEYA/ACC (IG/SCA) // EL
Lusa/Fim