Pequim, que tem importantes interesses estratégicos e económicos no seu vizinho do sul, é tradicionalmente hostil à "interferência" nos assuntos internos dos Estados e à imposição de sanções internacionais.
Depois de pedir às partes que "resolvam as suas disputas", de acordo com as leis e a Constituição do país, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu hoje à comunidade internacional "que contribua para a estabilidade política e social" no Myanmar.
O Conselho de Segurança da ONU deve realizar uma reunião de emergência sobre a situação no país durante o dia de hoje.
O porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin pediu que se evite a escalada do conflito e se complique ainda mais a situação.
O presidente dos EUA, Joe Biden, ameaçou na segunda-feira impor sanções contra Myanmar, depois de os militares tomarem o poder e prenderem os principais líderes civis do país, incluindo a Nobel da Paz e líder de facto, Aung San Suu Kyi.
Na China, a imprensa oficial recorreu hoje a eufemismos para reportar a situação no país vizinho, evitando cuidadosamente usar o termo "golpe".
A agência noticiosa oficial Xinhua falou de uma "grande remodelação do gabinete", para se referir à substituição de ministros civis por militares.
Citando "especialistas", o jornal oficial em inglês Global Times referiu-se ao golpe militar como "ajuste à estrutura de poder desequilibrada".
O jornal culpou ainda o ex-presidente dos EUA Donald Trump pelo comportamento dos militares do Myanmar.
"Ao se recusar a admitir a sua derrota eleitoral e aparentemente encorajar distúrbios no Capitólio, Trump pode ter servido de exemplo para os militares do Myanmar", acusou o Global Times.
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