"Não confiem muito nos serviços de inteligência norte-americanos", visto que estão "errados em muitos aspetos", escreveu Peter Daszak, na rede social Twitter, no último dia da sua estada no país asiático.
O especialista reagiu assim às declarações do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, que pareceu distanciar-se na véspera das primeiras conclusões dos especialistas da OMS.
Depois de uma missão de quatro semanas em Wuhan, onde foram diagnosticados os primeiros casos de covid-19, os especialistas indicaram na terça-feira que não conseguiram apurar as origens do vírus.
A missão considerou, porém, "altamente improvável" a teoria de que o vírus vazou de um laboratório da cidade, hipótese sustentada pela anterior administração dos Estados Unidos.
O governo do ex-presidente Donald Trump acusou o Instituto de Virologia de Wuhan de ter deixado o vírus escapar, voluntariamente ou não.
Peter Daszak é o presidente da EcoHealth Alliance, associação com sede nos Estados Unidos e especializada em prevenção de doenças que tem colaborado com o Instituto de Virologia de Wuhan em vários projetos.
O novo governo de Joe Biden distanciou-se na terça-feira da teoria defendida pela anterior administração.
No entanto, pareceu acolher com ceticismo as primeiras conclusões dos especialistas da OMS e pediu que fossem verificadas pelos serviços norte-americanos.
"Em vez de tirar conclusões precipitadas que podem ser conduzidas por qualquer coisa menos a ciência, queremos ver aonde os dados nos levam, para onde a ciência nos leva, e as nossas conclusões serão baseadas nisso", disse o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price.
O anterior secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo acusou Pequim de ter ocultado o número real de pacientes da Covid-19. Pompeo também não descartou totalmente a hipótese de uma disseminação deliberada do vírus pela China.
O Instituto de Virologia de Wuhan, um dos principais laboratórios de pesquisa de vírus da China, construiu um arquivo de informações genéticas sobre coronavírus em morcegos, após o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que surgiu no país asiático, em 2003.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.325.744 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 14.557 pessoas dos 770.502 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.