"A União Europeia (UE) acredita firmemente que o impasse político só pode ser ultrapassado através de um diálogo político sincero. Apelamos à imediata redução [das tensões] no interesse do país e de todos os cidadãos da Geórgia", lê-se numa nota publicada pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.
Frisando que "coragem política" e "liderança democrática genuína" são "necessárias" para se atingir um "acordo interpartidário", Borrell destacou também a importância de uma "unidade política ampla" para reduzir as tensões "e consolidar ainda mais a democracia na Geórgia", incluindo através de "reformas eleitorais e judiciais ambiciosas e inclusivas".
"A estabilidade política e um processo parlamentar inclusivo são pré-requisitos para responder eficazmente à pandemia de covid-19 e às suas consequências", apontou.
Borrell salienta ainda que a "UE se mantém pronta para continuar a apoiar a Geórgia neste empreendimento".
O primeiro-ministro da Geórgia, Guiorqui Gakharia, anunciou hoje a demissão por discordar da decisão do tribunal de Tbilissi que ordenou a prisão preventiva de um dirigente da oposição.
"Tomei a decisão de abandonar o meu cargo", indicou Guiorqui Gakharia após uma reunião governamental que foi retransmitida pela televisão.
Guiorqui Gakharia anunciou a decisão criticando o tribunal que, afirmou, pode colocar em risco "a saúde e a vida" dos cidadãos polarizando politicamente o país.
O opositor Nika Melia, dirigente do Movimento Nacional Unificado (MNU), um partido fundado pelo ex-presidente no exílio, Mikheil Saakachvili, foi acusado de organizar "atos de violência" em 2019.
O tribunal da Geórgia ordenou na quarta-feira a prisão preventiva de Melia, que pode vir a ser condenado a uma pena de nove anos.
Os apoiantes de Melia acusam as autoridades de perseguições políticas e avisaram que vão resistir às tentativas da polícia de o colocar em prisão preventiva.
Nika Melia encontra-se neste momento em Tbilissi na sede do partido onde decorreu uma reunião, na quarta-feira, que contou com a participação de quase todas as formações políticas da oposição que demonstraram apoio ao condenado.
A detenção de Melia pela polícia pode agravar a crise política no país que começou logo após as eleições do passado mês de outubro.
A oposição acusa o governo de fraude eleitoral.
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