Yoon foi acusado de rebelião por ter tentado impor a lei marcial no início de dezembro, revogada seis horas depois pelo parlamento, que aprovou a sua destituição em 14 de dezembro.
Críticos e apoiantes reuniram-se em avenidas da capital e em frente à casa de Yoon, alguns exigindo a sua prisão e outros apelando à anulação da destituição pela Assembleia Nacional.
Um dos apoiantes do presidente deposto disse que se Yoon for substituído pelo líder da oposição, Lee Jae-myung, o país pode ser ameaçado "de absorção pela Coreia do Norte".
"Não posso deixar que isso aconteça", acrescentou Jang Youn-hoon, 30 anos, em declarações à agência francesa AFP.
No lado oposto, a maior confederação sindical da Coreia do Sul (KCTU) iniciou hoje uma marcha em direção à residência de Yoon, mas foi bloqueada pela polícia, que informou que duas pessoas foram detidos e várias ficaram feridas.
Os soldados e os serviços de segurança bloquearam na sexta-feira os investigadores que se tinham deslocado a casa de Yoon para o deter.
A operação lançada de manhã cedo foi cancelada após cerca de seis horas de negociações infrutíferas e de tensão.
Se Yoon tivesse sido levado pelos investigadores, seria a primeira detenção de um chefe de Estado em exercício na história da Coreia do Sul.
O antigo procurador de 64 anos continua a ser oficialmente Presidente da República até que o Tribunal Constitucional confirme ou anule a destituição.
Suspenso de funções e confinado ao domicílio, Yoon é acusado de ter abalado a jovem democracia sul-coreana na noite de 03 para 04 de dezembro, ao proclamar de surpresa a lei marcial, um golpe de força que reavivou as memórias dolorosas da ditadura militar.
Num parlamento rodeado de soldados, um número suficiente de deputados conseguiu reunir-se para votar uma moção que exigia o levantamento do estado de emergência.
Pressionado pela Assembleia Nacional, por milhares de manifestantes e limitado pela Constituição, Yoon viu-se obrigado a revogar a lei marcial poucas horas depois de a ter declarado.
Yoon é alvo de várias investigações, incluindo uma por rebelião, um crime teoricamente punível com a morte.
A agência anticorrupção, que investiga o caso, tem até segunda-feira para executar o mandado de captura emitido pelos tribunais para obrigar Yoon a depor sobre a tentativa de impor a lei marcial.
A emissão do mandado de captura foi já uma estreia para um Presidente sul-coreano em funções.
Os investigadores poderão solicitar um novo documento se o primeiro expirar sem ter sido aplicado.
Os investigadores pediram hoje ao Presidente interino, Choi Sang-mok, que apoiasse a execução do atual mandado contra Yoon.
O Tribunal Constitucional fixou o dia 14 de janeiro como data de abertura do processo de destituição de Yoon Suk-yeol, que prosseguirá mesmo sem a sua presença.
O tribunal deverá pronunciar-se até meados de junho.
Yoon recusou até agora todas as citações relacionadas com a lei marcial.
Dois dos responsáveis pela proteção de Yoon recusaram-se hoje a comparecer perante a polícia, segundo um comunicado do serviço de segurança presidencial, invocando o caráter grave da sua missão.
Os advogados de Yoon condenaram a tentativa de detenção e prometeram interpor uma ação judicial para a contestar.
No meio da crise, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, é esperado no país na segunda-feira.
Blinken vai reunir-se com o homólogo Cho Tae-yul e "reafirmar a aliança inabalável" entre Washington e Seul, segundo o Departamento de Estado norte-americano.
As discussões centrar-se-ão igualmente na atual crise política e na ameaça que a vizinha Coreia do Norte representa para a segurança.
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