Condenadas à morte 16 pessoas por morte de médico da OMS na RDCongo

Dezasseis pessoas, incluindo um médico, foram condenadas à morte, à revelia, pelo assassinato, em 2019, de um médico camaronês envolvido na luta contra a epidemia de Ébola no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), disseram hoje fontes judiciais.

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Lusa
09/03/2021 17:34 ‧ 09/03/2021 por Lusa

Mundo

RDCongo

O epidemiologista camaronês Richard Valery Mouzoko Kiboung, da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi morto a tiro em 19 de abril de 2019 durante uma reunião de trabalho num hospital em Butembo (Kivu do Norte), um dos focos da epidemia que matou mais de 2.200 pessoas entre agosto de 2018 e junho de 2020.

Os "16 fugitivos", incluindo Jean-Paul Mundama, foram "condenados à morte" por terrorismo e conspiração criminosa, de acordo com o veredicto do tribunal militar do Kivu do Norte, proferido na segunda-feira.

A pena de morte não tem sido executada na RDCongo desde que foi decretada uma moratória, em 2003.

Mouzoko terá sido vítima de um plano dos médicos locais para "assustar e afugentar" os seus colegas estrangeiros, de acordo com advogado e investigador Jean-Marie Vianney Muhindo Kanzira, que tem acompanhado o caso.

Foi o que indicou uma investigação do 'site' de notícias "Les Jours", em dezembro de 2020.

Os médicos locais "ganhavam um prémio de 20 dólares por dia, enquanto os expatriados ganhavam mais de 20.000 dólares por mês", segundo o procurador-geral Jean-Baptiste Kumbu, citado no inquérito.

Movidos pela inveja, Mundama e outros médicos reuniram-se, entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, e consideraram a possibilidade de confiar a execução do seu plano a capangas.

"Mundama teria dado 700 dólares a um intermediário, um ex-militar, para cobrir os custos dos combatentes e prometeu-lhes 20.000 dólares se conseguissem afastar os estrangeiros", segundo o relatório, que se baseia no testemunho de suspeitos detidos em prisão preventiva em Butembo.

Nessa data, o "Dr. Mundama estava no Egito", segundo o advogado Muhindo Kanzira, que disse ter ficado "surpreendido" com o veredicto.

A OMS manifestou-se "indignada com este ataque", tendo o seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertido que "os profissionais de saúde e os estabelecimentos de saúde nunca devem ser alvos".

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