Os deputados Nicolas Löbel, da CDU, e Georg Nüsslein, da União Social Cristã (CSU) estão a ser investigados pelo Ministério Público por terem lucrado milhares de euros pela mediação ou recomendação ao governo a compra de máscaras a determinadas empresas.
Löbel, que admitiu ter lucrado 250 mil euros com as vendas, deixou a CDU e renunciou ao seu lugar no parlamento alemão, admitindo publicamente o erro. Já Nüsslein, apesar de se ter afastado do partido, revelou querer manter o seu assento no Bundestag como independente.
Na opinião do politólogo Thorsten Benner, o escândalo vai passar fatura ao partido de Angela Merkel, que enfrenta já este domingo eleições em dois estados federados, Bade-Vurtemberga e Renânia Palatinado.
"Questões a nível nacional também importam nestas eleições regionais. Este escândalo feriu seriamente a reputação da CDU. A isso junta-se o lento início da campanha de vacinação na Alemanha, assim como as falhas na testagem, que prejudicam o partido, uma vez que o ministro da Saúde, Jens Spahn, é da CDU", revelou à agência Lusa o cofundador e diretor do Global Public Policy Institute (GPPi).
Para Thomas Könnig, da Universidade de Manheim, é muito provável que este escândalo tenha um efeito "muito negativo" na União (CDU e CSU) porque fragiliza a forma como o governo está a gerir a crise provocada pela pandemia de covid-19.
"Para os alemães, é difícil ver que o país está a ficar atrás de outros, incluindo aqueles que têm piores sistemas de saúde ou políticos populistas como líderes, como é o caso do britânico Boris Johnson, ou do austríaco Sebastian Kurz, ou o húngaro Victor Orbán", acrescentou.
"Quando o sistema de saúde apresenta deficiências e a gestão da crise revela ou mesmo intensifica essas deficiências, o facto de os decisores políticos ganharem dinheiro com isso é uma forma de lóbi que está a chocar muitas pessoas", continuo o politólogo.
Könnig acredita que o resultado é o "declínio da confiança na liderança política e nas instituições democráticas, que pode ir além das próximas eleições" marcadas para este domingo.
As eleições nos estados federados alemães da Renânia Palatinado e em Bade-Vurtemberga estão marcadas para este domingo. A Alemanha escolherá o próximo chanceler a 26 de setembro deste ano.