Eleições. 'Nação da vacina' anti-Covid é argumento valioso para Netanyahu

Israel realiza na terça-feira as quartas legislativas em menos de dois anos, desta vez no contexto de uma intensa campanha de vacinação contra a covid-19, que se tornou um argumento valioso para o primeiro-ministro cessante.

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Lusa
21/03/2021 08:49 ‧ 21/03/2021 por Lusa

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Israel/Eleições

Numa dura batalha pela reeleição, Benjamin Netanyahu espera que a que foi considerada a melhor campanha de vacinação contra o coronavírus a nível mundial possa ajudá-lo a obter uma desejada maioria.

Com cerca de nove milhões de habitantes, Israel já imunizou com as duas doses da vacina da Pfizer-BioNTech mais de metade da população.

Netanyahu conseguiu um acordo para o fornecimento rápido de doses da Pfizer-BioNTech, em troca de dados biomédicos dos israelitas sobre os efeitos da vacina.

O exército israelita ultrapassou a semana passada os 80% de vacinados ou recuperados da covid-19, tornando-se a primeira instituição a alcançar a imunidade coletiva, segundo um porta-voz militar.

Nas últimas eleições para escolher os membros do Knesset (parlamento israelita), há um ano, o coronavírus já se propagava pelo Médio Oriente e Israel instalou assembleias de voto especiais para os eleitores infetados ou suspeitos de infeção.

Pela terceira vez os resultados do escrutínio foram inconclusivos e só dois meses depois foi formado um governo de coligação com os dois rivais, Benjamin Netanyahu, do Likud (direita), e Benny Gantz, da coligação centrista Azul e Branco. A razão apresentada foi a pandemia, que exigia estabilidade política.

Mas a coligação - que deveria durar três anos, com o executivo a ser presidido por Gantz no último ano e meio -- desfez-se em dezembro devido à recusa de Netanyahu em aprovar um orçamento, o que forçou novas eleições.

À frente do "laboratório do mundo", o primeiro-ministro mais perene da história de Israel -- com 15 anos no poder, os 12 últimos consecutivamente --, Netanyahu joga agora a carta da "nação da vacina".

Aos 71 anos, "Bibi", como é conhecido no país, lançou a campanha de imunização fazendo-se vacinar em direto na televisão.

"Sabem quantos primeiros-ministros e presidentes ligam para a Pfizer e para a Moderna (farmacêuticas)? Eles não respondem, mas a mim atenderam e convenci-os que Israel seria um modelo para a vacina (...) Quem é que vai continuar a fazer isso?", insistiu recentemente o chefe de Governo.

"Somos os primeiros no mundo (a sair gradualmente da pandemia), estamos a emergir vitoriosos", disse Netanyahu na última semana, declarando-se o mais capaz para liderar uma recuperação económica pós-covid.

Israel já teve três confinamentos e não escapou às consequências económicas da pandemia.

Segundo o The Times of Israel, o número de desempregados já atingiu mais de um milhão de pessoas. O jornal israelita cita dados do Ministério das Finanças que indicam uma taxa de desemprego de 36,1%.

Alguns culpam Netanyahu pela pouca ajuda aos trabalhadores que perderam os seus empregos devido à pandemia e o primeiro-ministro cessante luta ainda com um julgamento por corrupção em três casos diferentes.

Yohanan Plesner, presidente do centro de investigação Israel Democracy Institute, considera que a recuperação pós-covid será um dos temas em destaque no escrutínio e relaciona o desapontamento do público em relação ao modo como se lidou com a epidemia com um aumento da desconfiança nas instituições.

Nas segundas legislativas em pandemia e para que a participação não seja mais uma vez uma preocupação, dezenas de autocarros serão convertidos em assembleias de voto para pessoas em quarentena, mas também para diminuir o número de votantes nas restantes, segundo o diretor da Comissão Nacional de Eleições, Orly Adas, citado pelo The Times of Israel.

O Estado hebreu já registou mais de 824.000 casos do novo coronavírus, que resultaram em mais de 6.000 mortes, e conta com perto de 37.000 casos ativos do SARS-CoV-2 e dezenas de milhares de pessoas em quarentena.

 

PAL // ANP

Lusa/fim

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