EMA desaconselha uso de antiparasitário para prevenir ou tratar Covid-19
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) lembra que os medicamentos com ivermectina não estão autorizados para uso na Covid-19 na União Europeia e assegura não ter recebido nenhum pedido com esse fim. Depois de analisados vários estudos, a autoridade concluiu que não há evidência que permita apoiar o uso do antiparasitário na Covid-19.
© Peter Boer/Bloomberg via Getty Images
Mundo Covid-19
À semelhança do Infarmed, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, sigla em inglês) desaconselha uso de ivermectina (um antiparasitário) para prevenção ou tratamento da Covid-19 fora de ensaios clínicos. Este é um fármaco usado no tratamento da escabiose (sarna) e da pediculose (piolhos).
"A EMA analisou as evidências mais recentes sobre o uso de ivermectina para a prevenção e tratamento da Covid-19 e concluiu que os dados disponíveis não apoiam o uso para a Covid-19 foram de ensaios clínicos bem planeados", revelou a autoridade em nota divulgada na segunda-feira.
Na União Europeia (UE), os comprimidos de ivermectina estão aprovados para o tratamento de "algumas infestações de vermes parasitas", enquanto que as preparações para aplicar na pele "são aprovadas para o tratamento de doenças da pele como a rosácea. A ivermectina também está autorizada para uso veterinário numa ampla gama de espécies animais para parasitas internos e externos", lembra a EMA.
Com efeito, a Agência Europeia de Medicamentos recorda que "os medicamentos com ivermectina não estão autorizados para uso no Covid-19 na UE" e assegura não ter recebido nenhum pedido com esse fim.
Depois de terem sido divulgados vários estudos que suportavam a eficácia do fármaco na prevenção e no tratamento da Covid-19, a EMA analisou as evidências científica e concluiu que a ivermectina pode bloquear a replicação do SARS-CoV-2, mas em "concentrações de ivermectina muito mais altas do que as usadas com as doses atualmente autorizadas".
A Autoridade ressalva que alguns dos estudos analisados não mostram qualquer benefício, enquanto que outros indicavam efeitos potenciais. A maioria destes estudos, salienta ainda a EMA, "eram pequenos e tinham limitações adicionais, incluindo diferentes regimes de dosagem e uso de medicamentos concomitantes".
Saliente-se ainda que, pese embora a ivermectina seja geralmente bem tolerada em doses autorizadas para outras indicações, "os efeitos colaterais podem aumentar com as doses muito mais altas que seriam necessárias para obter concentrações de ivermectina nos pulmões eficazes contra o vírus".
Recorde-se que, no dia 11 de março, o Infarmed já tinha indicado que não havia evidência científica suficiente para suportar o uso de ivermectina na Covid-19.
EMA advises against the use of ivermectin medicines for the prevention and treatment of #COVID19 outside controlled clinical trials.
— EU Medicines Agency (@EMA_News) March 22, 2021
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Vale ainda recordar que o jornal Expresso tinha noticiado que médicos portugueses estariam a tomar e a receitar contra a covid-19 este antiparasitário e que eram já centenas os doentes tratados com ivermectina. O Expresso escrevia que a terapêutica não está aprovada nem é recomendada contra a nova infeção por nenhuma autoridade de saúde e que a toma era aceite "por livre vontade", dando conta ainda de um "número crescente de prescrições".
No início deste ano, Andrew Hill, docente e investigador na Universidade de Liverpool, no Reino Unido, foi incumbido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de avaliar a ivermectina, como reportou o jornal The Times. O especialista concluiu que o fármaco poderia ser uma "arma importante" para travar a propagação da Covid-19.
Em abril do ano passado, refira-se ainda, um estudo conjunto levado a cabo pelo Monash Biomedicine Discovery Institute e pelo Peter Doherty Institute of Infection and Immunity, na Austrália, identificou que este medicamento antiparasitário era capaz de 'matar' a Covid-19 nos testes laboratoriais no espaço de 48 horas.
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