Os líderes dos grupos norte-americanos de extrema-direita Oath Keepers e Proud Boys encetaram comunicações nas semanas que precederam o ataque ao Capitólio, no dia 6 de janeiro, nas quais terão coordenado planos para o motim, de acordo com documentos judiciais consultados pelo New York Times.
As evidências apresentadas provam uma ligação entre os dois principais alvos das autoridades federais na investigação à insurreição em Washington D.C., que culminou com a morte de cinco pessoas, entre as quais um polícia.
Estas provas foram incluídas numa moção apresentada pelos procuradores na passada quinta-feira à noite, numa tentativa de manter em prisão preventiva Kelly Meggs, líder da filial dos Oath Keepers na Flórida.
São citadas várias mensagens de Kelly Meggs, enviadas através do Facebook, onde este informava outros de que, pelo menos, uma centena de membros da milícia de extrema-direita iria marcar presença em Washington, a pedido de Donald Trump. "Ele chamou-nos ao Capitólio e quer que façamos barulho", escreveu Meggs a 22 de dezembro, citado pela mesma publicação. No mesmo dia, mandou mensagem a um destinatário não identificado, onde explicava que tinha estado em contacto com os Proud Boys, que, nas suas palavras, podiam funcionar como "amplificador de força".
Em outras mensagens, Kelly Meggs dizia que tinha "organizado uma aliança" entre os Oath Keepers, os Proud Boys e a filial da Flórida dos Three Percenters, um movimento radical pró-armas.
No dia de Natal, Meggs escreveu que o seu grupo, os Oath Keepers, iria fazer funções de segurança nos momentos anteriores ao discurso de Donald Trump - uma referência, possivelmente, à proteção prestada a Roger Stone, antigo assessor de Trump -, mas que tinham "orquestrado um plano com os Proud Boys".
A ideia que é expressada com base nas mensagens citadas pela publicação é que os dois grupos tinham planeado encurralar os membros do movimento antifascista, que também iriam marcar presença, numa espécie de "técnica de pinça". No dia da tomada de posse, porém, não foram detetados conflitos entre movimentos opostos, tendo os apoiantes de Trump descido até ao Capitólio.
Os advogados de defesa dos elementos de ambos os grupos extremistas que se encontram detidos, com relação ao motim, alegam, de forma geral, que os seus clientes não planeavam uma ofensiva armada, mas apenas que estavam preparados para se defenderem da violência de manifestantes radicais de esquerda.
Os Oath Keepers, sublinhe-se, são um grupo paramilitar maioritariamente composto por antigos agentes de autoridade e veteranos do exército, e os Proud Boys são um grupo de extrema-direita, que se proclama como "chauvinistas ocidentais" e que se tem envolvido, nos últimos anos, em combates de rua violentos com ativistas antifascistas e membros do movimento Black Lives Matter.
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